A irmã do líder da esquerda chilena Mauricio Norambuena, Laura Hernández Norambuena, afirmou nesta segunda-feira (19/08) que a família do militante não foi avisada sobre nenhum passo ou intenção dos governos de Brasil e Chile sobre a extradição do prisioneiro.
“Ele tem duas condenações à prisão perpétua no Chile e não temos conhecimento do que foi acordado entre os estados para a extradição […], por isso não sabemos o que foi acordado, porque foi feito às escuras”, disse Laura ao jornal La Tercera.
Sobre as condições de extradição de Norambuena, Laura destacou que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 2003 que “a extradição devia acontecer quando o Chile diminuísse suas penas […], e a segunda coisa é o tratado de transferência do Mercosul, que [prevê que] devem ser descontados os anos que ele cumpriu pena no Brasil”.
“Nós vínhamos solicitando isso há muitos anos para que ele possa cumprir sua pena aqui. Não posso dizer que não gosto, mas por anos negaram a extradição”, afirmou a irmã de Norambuena.
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Mauricio Norambuena, líder histórico da esquerda chilena e um dos participantes do sequestro do publicitário Washington Olivetto, em 2001
Extradição
O Ministério da Justiça decidiu extraditar Mauricio Norambuena, líder histórico da esquerda chilena e um dos participantes do sequestro do publicitário Washington Olivetto, em 2001. Segundo a Folha de S.Paulo, Norambuena foi transferido de maneira sigilosa para a carceragem da Polícia Federal em São Paulo, onde ficam presos estrangeiros em processo de extradição.
A informação da extradição foi confirmada pelo ministro da Justiça e Direitos Humanos do Chile, Hernan Larraín. “Viemos informar à Corte Suprema e ao ministro instrutor da causa que o Brasil vai fazer a entrega de Mauricio Hernández Norambuena, em conformidade com as normas vigentes”, disse.
A extradição de Norambuena, que cumpre pena de 30 anos de prisão, já havia sido aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2004. No entanto, duas condenações à prisão perpétua, ainda em disputa na Justiça do Chile, impediam que a ida de Norambuena fosse cumprida, dado que o Brasil não extradita estrangeiros que estejam condenados à morte ou à prisão perpétua em outros países.