O governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, decidiu nesta quinta-feira (15/08) barrar a entrada das congressistas norte-americanas Ilhan Omar e Rashida Tlaib no país. Ambas do partido democrata, as deputadas foram as primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso dos EUA e apoiam o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel contra a opressão do povo palestino.
“Como uma democracia vibrante e livre, Israel está aberto para qualquer visitante e para qualquer cítica, com uma exceção: a lei de Israel proíbe a entrada de pessoas pedindo e agindo para implementar um boicote a Israel”, disse o premiê israelense após a decisão. Em 2017, o Parlamento israelense aprovou uma lei que permite impedir pessoas ligadas a movimentos que usam boicote contra os abusos e violações cometidas por Israel contra a Palestina.
Mais cedo, o presidente dos EUA, Donald Trump, incentivou o governo israelense a proibir a visita das democratas, dizendo que Omar e Tlaib “são uma desgraça”. “Mostrará grande fraqueza se Israel permitir a deputada Omar e a deputada Tlaib visitarem [o país]. Elas odeiam Israel e todo o povo judeu”, disse.
A viagem das congressistas estava programada para o próximo domingo (18/08), quando visitariam regiões da Cisjordânia, uma parte de Jerusalém Oriental – território ocupado por Israel – e se reunir com a líder palestina Hanan Ashrawi.
Segundo Netanyahu, após receber o itinerário previsto para as deputadas, “ficou claro que elas estavam planejando uma viagem cujo propósito era apoiar o boicote e desgastar a legitimidade de Israel”.
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Ilhan Omar e Rashida Tlaib foram as primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso dos EUA
“Por exemplo, elas definiram o destino de sua viagem como 'Palestina' e não como 'Israel' e, em contraste com outros membros do Congresso dos partidos democrata e republicano, até agora, elas se recusaram em pedir qualquer encontro com uma autoridade israelense, seja do governo ou da oposição”, afirmou o premiê.
Reações
Candidato nas primárias do partido democrata, o senador Bernie Sanders defendeu as deputadas e disse que o movimento de Israel “é um sinal de enorme desrespeito a essas líderes eleitas, aos Estados Unidos e aos princípios da democracia. O governo israelense deveria reverter essa decisão e permitir que elas entrem”.
A senadora Elizabeth Warren, também concorrente à vaga de presidenciável pelos democratas, disse que “Israel não progride como uma democracia tolerante ou um inabalável aliado dos EUA barrando membros eleitos do Congresso”.
Ao jornal Haaretz, um diplomata israelense disse que alertou o governo das possíveis consequências negativas que o impedimento das democratas visitarem o país traria a Netanyahu. “Todo mundo sabe que os Democratas irão retornar ao poder em algum momento, e essa será uma decisão que o partido não vai esquecer”, afirmou.
Em julho, Omar e Tlaib foram vítimas de ataques racistas do presidente norte-americano, juntamente com as deputadas Alexandra Ocasio-Cortez e Ayanna S. Pressley, quando Trump disse que “congressistas democratas progressistas” deveriam voltar a seus países.