Desde que uma junta militar tomou o poder no Níger, em 26 de agosto, a França e outros países ocidentais têm procurado reverter o golpe. O país europeu, que tem uma presença militar e historicamente influenciou os governos do Sahel na condição de colônias, e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), têm buscado formas de reintegrar Mohamed Bazoum por meios armados.
Diante de tais pressões, o governo de Niamei está determinado a cortar todos os laços com a França. O governo suspendeu a cooperação militar e deu um prazo para que o embaixador deixasse o país, uma decisão à qual Paris se opôs, alegando que o governo nigerino não tem tal autoridade. A decisão dos novos líderes do Níger foi amplamente apoiada pela sociedade, que se reuniu em frente à embaixada francesa para repudiar o antigo colonizador.
A resposta do governo do Níger foi ainda mais radical, tendo supostamente cortado a água e a eletricidade da embaixada francesa na capital e não permitindo a entrega de alimentos. Os líderes do país também teriam tomado medidas semelhantes no consulado francês em Zinder, segunda maior cidade do país.
O presidente do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), Elh Issa Hassoumi Boureima, pediu a todos os parceiros das bases francesas no Níger que suspendessem todo o fornecimento de água, eletricidade e alimentos. Qualquer parceiro que continuar a ajudar os franceses será considerado um “inimigo do povo soberano”, disse ele.
O prazo de dois dias dado pela administração militar para que o embaixador francês deixasse o país expirou no domingo. Por sua vez, o presidente Emmanuel Macron disse que o diplomata permanecerá no Níger apesar da pressão. A tensão está aumentando à medida que a representação diplomática e as tropas francesas permanecem na nação africana.
Présidence de la République du Bénin / Flickr
O presidente francês Emannuel Macron durante visita à República do Benin, em julho de 2022