A junta militar do Níger, que governa o país após dar um golpe contra o presidente Mohamed Bazoum, anunciou na noite de terça-feira (01/08) que reabriu suas fronteiras com cinco países vizinhos.
As fronteiras foram fechadas ao mesmo tempo que a junta havia anunciado o afastamento de Bazoum, que foi eleito democraticamente em 2021. Agora, uma semana depois, os militares nigerinos afirmaram que a medida será de reabertura terrestre e aérea com Argélia, Burkina Faso, Mali, Líbia e Chade.
Com a medida, as fronteiras reabertas, em sua maioria, são em áreas distintas e desérticas. Segundo a agência de notícias Reuters, as entradas principais do Níger, que envolvem a passagem de comércio, permanecem fechadas por conta das sanções estabelecidas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao).
Isso por que, os países que integram a Cedeao impuseram bloqueios financeiros e de viagens aos militares que lideraram o golpe no Níger, suspendendo ainda relações diplomáticas com a nação.
A comunidade deu uma semana, que vence no próximo domingo (06/08), para que o presidente deposto seja reinstituído ao cargo. Caso isso não ocorra, a Cedeao não descarta ações militares no Níger, o que, para os governos de Burkina Faso e Mali, seria uma “declaração de guerra”.
Os dois governos, inclusive, afirmaram que qualquer intervenção militar contra o Níger “levaria à saída de Burkina Faso e Mali da Cedeao, bem como à adoção de medidas de legítima defesa no apoio às forças armadas e ao povo do Níger”.
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Reabertura foi terrestre e aérea com Argélia, Burkina Faso, Mali, Líbia e Chade
Os ministros da Defesa dos países que formam a Cedeao iniciam nesta quarta-feira (02/08) uma reunião de dois dias na Nigéria, a fim de debater o que está ocorrendo no Níger. Ainda de acordo com a Reuters, uma delegação da comunidade deve chegar em Niamei, capital nigerina, para iniciar negociações com a junta militar.
Quem lidera a junta militar é o geral Abdourahmane Tiani.
Histórico de golpes de Estado
O Níger era uma antiga colônia francesa no Noroeste da África, que alcançou sua independência em 1960. Desde então, o país teve cinco presidentes civis, sendo que os três primeiros foram vítimas de golpes de Estado: Hamani Diori (primeiro presidente da história do país), em 1974; Mahamane Ousmane, em 1996; e Mamadou Tandja, em 2010.
Também houve um golpe de Estado contra o presidente militar Ibrahim Baré Maïnassara, em 1999, em ação ainda mais violenta, já que terminou com o assassinato do então mandatário.
O golpe contra Bazoum foi, portanto, o quinto registrado nos 63 anos de história do país, e interrompe um período democrático de 12 anos, desde a posse do presidente civil Mahamadou Issoufou, em abril de 2011.