O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, expressou, nesta sexta-feira (11/08) “sua profunda preocupação” com a “deterioração das condições de detenção” do presidente do Níger, Mohamed Bazoum, descrevendo seu tratamento pelas autoridades militares que o derrubaram em 26 de julho como “inaceitável”. Sob anonimato, fontes confirmaram à RFI que uma reunião dos chefes das Forças Armadas dos países da Cedeao está marcada para sábado (12/08) em Acra, Gana.
Em comunicado à imprensa, Mahamat conclamou os golpistas a “interromperem urgentemente a escalada” com a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) e a “desafiarem” a organização. O líder também expressou seu “firme apoio” às decisões do grupo que anunciou, em 10 de agosto de 2023, o envio de uma “força de prontidão” para restaurar a ordem constitucional no Níger. As sanções implementadas também foram mantidas e devem ser reforçadas.
No entanto, a Cedeao afirmou que estava mantendo sobre a mesa todas as opções para uma “resolução pacífica” da crise. A posição é apoiada em nível continental pela UA.
De acordo com o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, os Estados-membros deram o aval para que a operação “comece o mais rápido possível”, acrescentando que a Costa do Marfim forneceria um batalhão de 850 a 1.100 homens, juntamente com a Nigéria e o Benin em particular.
“Sérias preocupações” sobre saúde de Bazoum
A Cedeao havia solicitado à União Africana que aprovasse essas medidas. O aval dará mais peso e legitimidade ao órgão sub-regional.
Ao mesmo tempo, a UA denunciou o “tratamento inadmissível” dado ao presidente Mohamed Bazoum. O chefe de Estado do Níger segue detido pela junta militar em sua residência com a esposa e o filho.
União Africana
Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, defendeu resolução da Cedeao sobre a situação política no Níger
A UA expressou sua “profunda preocupação” com suas condições de detenção e denunciou que a situação de Bazoum e sua família está “se deteriorando seriamente”. Mahamat também exige a “libertação imediata” do presidente nigerino e que a comunidade internacional reúna esforços para “salvar a vida” dele.
Cúpula militar
Os chefes das Forças Armadas dos países da Cedeao se reunirão em Acra, no sábado (12/08), após o pedido de ativação da força de prontidão para intervir no Níger se a diplomacia falhar, segundo informações do correspondente da RFI em Cotonou, Jean-Luc Aplogan.
“As instruções que nos foram dadas são claras”, explica um militar sênior da África Ocidental: “ativar e mobilizar sem demora”, resume, ao justificar a realização dessa reunião.
Gana está acostumada a sediar reuniões de chefes de equipes para projetos de operações conjuntas. Várias reuniões sobre a “Iniciativa Accra”, um fórum de segurança que ocorre anualmente desde 2017, foram realizadas no país.
De acordo com o correspondente local da RFI, o chefe das Forças Armadas de Benin está viajando para Abidjan nesta sexta-feira, para negociar o pré-posicionamento no conflito.
Na Cúpula Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Cedeao, na quinta-feira (10/08), em Abuja, a Guiné-Bissau teria confirmado sua participação na eventual intervenção. Cabo Verde e Serra Leoa expressaram seu apoio à iniciativa, de acordo com um dos participantes da reunião.