A Colômbia completou 211 anos de independência nesta terça-feira (20/07) com uma nova convocatória de atividades do Comitê Nacional de Paralisação. Somente na capital, Bogotá, houve 13 pontos de concentração, reunindo cerca de 10 mil pessoas. Já são 12 semanas consecutivas de atividades da greve geral no país.
Depois de realizar assembleias populares por setores que compõem a mobilização, o comitê apresentou uma lista de dez projetos de lei relacionados às demandas da greve, como a taxação de grandes fortunas, a criação de um sistema para a garantia de uma renda básica universal, acesso gratuito e universal ao ensino superior e uma “verdadeira reforma policial”, com garantias de direito à manifestação.
Os grupos que estão na dianteira das manifestações, organizações juvenis que estão na linha de frente dos prostestos, também anunciaram que buscam criar um partido para participar das eleições em 2022.
Apesar das manifestações tiveram um tom de celebração, com shows e apresentações artísticas, houve repressão policial em Bogotá, Cali, Medellín, Bucaramanga e Popayán.
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Manifestações tiveram um tom de celebração, com shows e apresentações artísticas pelo país
Segundo levantamento de organizações de direitos humanos, 76 mortos já se acumulam desde o início dos protestos, 44 deles em resultado, segundo evidências, da ação policial. Há ainda 346 desaparecidos e 83 pessoas com lesões oculares. Diante da falta de assistência médica pública no estado Antioquia, médicos oferecem próteses gratuitas às vítimas.
Analistas apontam que a violência é estrutural. Além da repressão aos manifestantes, somente em 2021, foram registrados 54 massacres com 291 vítimas, de acordo com o Instituto para o Desenvolvimento da Paz (Indepaz).
A missão internacional de solidariedade e direitos humanos também apresentou nesta terça seu relatório final sobre a paralisação na Colômbia. O grupo realizou uma visita ao país que durou de 25 de maio a 4 de junho e constatou que existem práticas sistemáticas de repressão ao direito à manifestação.
“O Estado colombiano deve ser investigado pelas desaparições, homicídios, torturas, abusos perseguições, ameaças, intimidações e outras condutas degradantes e inumanas cometidas pela força de segurança e algumas forças não regulares que atuam com consentimento”, afirmaram.
Aumenta também a pressão internacional para que o Estado colombiano retifique sua política de segurança. No Reino Unido, por exemplo, parlamentares de oposição defendem que o governo deixe de ajudar a financiar a polícia colombiana.