A nomeação do democrata-cristão Jaime Ravinet para o ministério da Defesa é a principal surpresa até agora entre os nomes do futuro governo do presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, divulgado hoje (9). Até o ultimo momento, os líderes do Partido Democrata-Cristão esperavam que o boato fosse desmentido. Mas, em entrevista coletiva, Piñera confirmou a presença de Ravinet, 63, no cargo de ministro da Defesa, que o democrata-cristão já ocupou durante o mandato do presidente socialista Ricardo Lagos (2000-2006).
Naquela época, Ravinet ocupava o ministério da Habitação e foi chamado para substituir Michelle Bachelet na pasta da Defesa quando ela renunciou para concorrer à presidência. O político já tinha sido prefeito de Santiago por dois mandatos consecutivos, entre 1992 e 2000.
Com a nomeação, efetivada no dia 11 de março, data da posse de Piñera, o novo ministro será expulso do partido onde militou durante cerca de cinco décadas, como já confirmou o presidente da legenda, Renan Fuentealba.
“Os membros de nosso partido sabem de maneira muito clara que não podem aceitar cargos de confiança no governo de Piñera sem renunciar à militância. Caso contrário, teremos que expulsá-los”, disse.
Exemplo francês
A inclusão de uma figura da Concertaçao, a coalizão de centro-esquerda que governou o país desde 1990, era uma das prioridades do presidente eleito, que pretendia apresentar um governo de “unidade nacional” marcado pelo pluralismo.
Desta maneira, o empresário procurou repetir a política do presidente francês Nicolas Sarkozy, que conseguiu atrair socialistas para seu governo, entre os quais Bernard Kourchner, nomeado ministro das Relações Exteriores. Na França, a estratégia debilitou permanentemente a oposição em geral, especialmente a esquerda.
“Ravinet é um personagem emblemático, uma das figuras da democracia cristã. O fato de ter ido para o outro lado é um mau sinal”, declarou à imprensa o deputado Pablo Lorenzini, do mesmo partido do futuro ministro da Defesa.
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