O deputado do Parlamento do Mercosul (Parlasul) Jorge Taiana afirmou nesta segunda-feira (10/12), durante a Conferência Internacional em Defesa da Democracia, realizada pela Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, que a chamada “nova direita”, representada por uma série de organizações sociais e governos pelo mundo, é “sanguinária” e busca “destruir o poder popular”.
O ex-chanceler argentino, que participou da mesa “O conservadorismo e a extrema direita no mundo atual”, disse que governos como o de Jair Bolsonaro no Brasil, Viktor Orbán na Hungria, entre outros, não representam um novo formato político do campo da direita.
“Essa onda neofascista é o resultado do fracasso do desenvolvimento do neoliberalismo. Porém, com a eleição desses governos [de extrema-direita], as pessoas acreditam que estamos vendo o fim do populismo e o surgimento da nova direita. A má notícia é que essa direita não é moderna, é sanguinária e oligárquica”, disse Taiana.
Participaram também da mesa o eurodeputado do Partido Comunista da Portugal, João Pimenta, o coordenador do departamento de Relações Internacionais do partido grego Syriza, Nektarios Bougdanis, e a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores Maria do Rosário.
Para Pimenta, “o avanço do fascismo é uma questão crucial para a instabilidade mundial”, e que pode ser observada “com Trump, nos EUA, com Bolsonaro, no Brasil, e uma série de governos no continente europeu”.
O eurodeputado ainda afirmou que esse crescimento de representações de extrema direita pelo mundo “seria impossível sem uma mídia esquizofrênica que se propõe a somente repercuti-las e não as combater”.
Já para Maria do Rosário, os governos de extrema direita precisam ser combatidos por meio da democracia, fortalecendo meios de participação popular e ações de base. “Nunca foi tão importante retomar o padrão básico da democracia liberal e avançar para um caráter mais substantivo para se libertar do jugo do capitalismo”.
Prisão de Lula
A parlamentar petista ainda criticou a manutenção da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de “preso político”, e afirmou que “a democracia está presa junto com Lula e precisa ser libertada”.
Bougdanis também destacou o caráter político da prisão do ex-presidente e lembrou de líderes da esquerda admirados pelas forças progressistas gregas como “Lula, Chávez, Fidel e Evo Morales”. Para ele, “uma frente progressista internacional é, mais do que nunca essencial, para lutar contra o fascismo”.
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Para Taiana, a chamada "nova direita" é "sanguinária"