No mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou a proposta orçamentária para 2011, incluindo mais verba para defesa, o Pentágono divulgou hoje (1º) seu plano quadrienal de estratégia e gastos militares. O documento, submetido ao Congresso, traz uma mudança de foco nas prioridades de defesa, substituindo “guerras regionais” por uma “multiplicidade de ameaças”, como ataques cibernéticos, guerrilhas “híbridas” e terrorismo localizado.
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De acordo com o Pentágono, a nova estratégia faz parte de uma reforma mais abrangente na administração das forças armadas norte-americanas, procurando “institucionalizar” mudanças de longo prazo.
Segundo a rede britânica BBC, o texto do plano faz uma revisão do objetivo de preparar o país para enfrentar duas guerras ao mesmo tempo.
“Não é mais adequado falar em 'grandes conflitos regionais' como o único ou mesmo o principal modelo para dimensionar, moldar e avaliar as forças armadas dos EUA”, diz a minuta, citada pela BBC.
Em lugar disso, a nova estratégia inclui ciberataques, insurgências do tipo “híbridas” (guerrilha e terroristas), ataques por satélite e o próprio aquecimento global como “ameaças” genéricas à segurança dos EUA. O Pentágono também se preocupa com a perspectiva de que mais países possam adquirir ou desenvolver armas nucleares – numa referência ao Irã.
A ênfase de gastos, aquisições, desenvolvimento e pesquisa, de acordo com a nova estratégia, deve recair sobre inteligência, monitoramento, dispositivos contra explosivos de fabricação caseira e maior foco em tropas de elite – as chamadas “operações especiais” -, além de mais helicópteros e aviões não-tripulados.
“Haverá um investimento real nestas áreas em apoio aos combates atuais”, disse subsecretária de Defesa responsável pelo planejamento do Pentágono, Michèle Flournoy, em entrevista coletiva.
Para ela, o plano “presta atenção particular nestes 'facilitadores', que são cruciais em dar às forças a flexibilidade necessária para vencer e que tiveram fornecimento crítico em lugares como o Afeganistão”.
De acordo com o relatório, o secretário de Defesa, Robert Gates, deve reformar o sistema de compras e materiais para que os soldados dos EUA possam ter acesso a este tipo recursos rapidamente nas zonas de combate.
Mudança climática
No entanto, o texto enfatiza que a prioridade dos militares norte-americanos continuará sendo “prevalecer nas guerras atuais”, e que a necessidade de “desmantelar redes terroristas” no Afeganistão e no Iraque é imprescindível para obter a vitória militar.
A segunda e a terceira prioridades, respectivamente, serão conter novos conflitos e preparar o próprio Departamento de Defesa para enfrentar “um amplo leque de contingências”, sem especificar quais.
Pela primeira vez, a mudança climática é identificada no plano de defesa dos EUA como uma ameaça à segurança. A justificativa para a inclusão é que, com o aquecimento, a desertificação e desastres naturais em várias áreas do mundo, principalmente em países em desenvolvimento, o número de conflitos por recursos estratégicos e terras férteis pode aumentar.
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