Enquanto a campanha eleitoral de reeleição do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, é abalada com a polêmica renúncia do seu assessor, o venezuelano Juan José Rendón, acusado de ter recebido propina, também foi descoberto em Bogotá mais um imóvel onde supostamente haveria interceptações ilegais a altos funcionários do Estado.
Efe (05/02/14)
Em fevereiro, junto ao ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón (esq.), Santos falou sobre o escândalo de espionagem ilegal
Situado ao norte da capital, o novo escritório funcionaria de modo irregular na prática de interceptação de e-mails e foi ocupado na madrugada desta terça (06/06) por uma operação de 30 funcionários do Corpo Técnico de Investigação da Fiscalização Geral colombiana.
As autoridades estão analisando se os serviços de inteligência que acontecem nesta sala são legais. Por enquanto, fontes da Polícia desmentem que o local pertença à instituição, de acordo com o jornal El Tiempo. No lugar, foram encontradas duas pessoas que foram interrogadas a respeito de sua relação com o funcionamento da sala.
Segundo fontes da revista La Semana, foram encontradas mais informações neste caso do que na sala “Andrômeda”, um centro de espionagem clandestino do Exército colombiano também montado em Bogotá e revelado pela imprensa local no início de fevereiro.
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Na ocasião, a instituição militar negou as acusações de espionagem a representantes do governo em diálogo com as FARC. Contudo, no dia seguinte após as denúncias, uma cúpula de inteligência do Exército caiu e o ministério da Defesa realizou uma série de mudanças na chefia das Forças Armadas do país.
Renúncia às vésperas das eleições
No domingo (04/05), o jornal El Espectador publicou informações acerca de um documento que revela que o assessor venezuelano de Santos teria recebido US$ 12 milhões de um traficante de drogas para mediar com o governo a rendição de quatro chefes do tráfico. Em comunicado, Rendón negou as acusações, alegando ser parte de um plano para sujar a reputação do presidente colombiano a três semanas do pleito.
Wikicommons
O assessor venezuelano do presidente colombiano, Juan José Rendón, negou ter recebido dinheiro
Segundo testemunho de Javier Antonio Calle Serna, membro da gangue Rastrojos e também chamado de Comba, ele e outros chefes do narcotráfico – como Diego Rastrojo, Cuchillo e Loco Barrera – se aproximaram do governo de Santos. Segundo Calle, a grande quantia de dólares foi paga a Rendón para prevenir a extradição dele e de outros traficantes para os EUA.
6. Ratifico contundentemente no haber recibido dinero, prebenda o beneficio alguno y reto a quienes así lo afirman, a probar lo contrario.
— J.J.RENDON (@JJRENDON) 5 maio 2014
Ontem, Santos disse a uma rádio local que o assessor transmitiu uma oferta de rendição dos traficantes em questão, mas que nenhum acordo foi alcançado porque os homens se recusaram a se entregar às autoridades. “Até que me seja mostrado o contrário, acho que ele (Rendón) deve receber crédito”, disse o presidente, segundo a Reuters.
Conhecido por ser crítico do governo socialista venezuelano, Rendón foi responsável por assessorar a campanha de Santos em 2010 e também trabalhou na campanha do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, em 2012.