A divulgação da diretiva que proíbe palestinos da Cisjordânia que trabalham em Israel de usarem o mesmo transporte público dos assentados israelenses, em conjunto com a decisão sueca de reconhecer oficialmente a Palestina como Estado independente e a manutenção da suspensão de seis meses da deputada palestina Hanin Zoabi do Knesset (Congresso israelense) são os principais destaques da semana em Opera Mundi.
A partir da diretiva, o jornal Haaretz chamou a medida de “ônibus do apartheid”. A decisão veio por pressão dos israelenses que moram em assentamentos na região, que alegam razões de “segurança”.
Reprodução/Facebook
Ônibus utilizado por palestinos entre a Cisjordânia e Israel; ministro vetou uso
A suspensão de Zoabi no Knesset, por comentários que ela fez no caso do suposto sequestro de três jovens colonos israelenses, é a maior sanção já imposta pelo Parlamento. O mandato da deputada tem sido constantemente perseguido devido às reiteradas críticas que faz a Israel. Em entrevista a Opera Mundi, concedida em 2013, ela afirmou que “há uma contradição insanável entre o caráter judaico do Estado e o regime democrático.”
No âmbito das relações diplomáticas, após a ministra de Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallström, ter anunciado que o país vai reconhecer oficialmente a Palestina como Estado independente com o objetivo de “contribuir para um futuro em que Israel e Palestina vivam lado a lado em coexistência pacífica”, o governo israelense convocou para consultas o embaixador em Estocolmo.
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Outro tema de destaque foi o resultado das eleições no Uruguai, nas quais a população rejeitou a redução de maioridade penal e confirmou um segundo turno entre os candidatos Tabaré Vázquez e Luis Alberto Lacalle Pou. Contrariando pesquisas de opinião, a coalizão Frente Ampla, à qual pertence o presidente José “Pepe” Mujica, obteve maioria nas eleições parlamentares, o que ajuda a impedir possíveis retrocessos em leis aprovadas durante a gestão de Mujica, como a interrupção voluntária da gravidez e a regularização da maconha.
Agência Efe
Lacalle e Tabaré disputam segundo turno, que será realizado em 30 de novembro
Também na América Latina, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, se reuniu com os pais dos 43 estudantes que desapareceram há mais de um mês em Iguala, no estado de Guerrero. O encontro, no entanto, não contribuiu para aumentar a confiança dos familiares no empenho do governo para encontrar os jovens. Eles reiteram que os estudantes devem ser encontrados com vida e que o governo deve parar de buscá-los em valas comuns.
No Chile, devido à pressão que vem sofrendo tanto da esquerda como da direita, o governo atrasou a apresentação da uma nova lei antiterrorista, promessa de campanha de Michelle Bachelet à Presidência. A intenção da nova norma era dar maior proteção ao povo mapuche, que, desde o final da ditadura, foi alvo de mais de dois terços dos casos em que o Estado chileno aplicou essa lei.
Agência Efe
“Ebola: estou em risco?”: repórter segura panfleto informativo sobre o vírus distrubuído pelos EUA; assunto entrou na pauta das eleições
Outro destaque foi o uso político do ebola na campanha das eleições legislativas dos Estados Unidos. A uma semana do pleito, o surto do vírus entrou para a agenda tanto dos Republicanos, como dos Democratas. Em meio à paranoia e ao medo, 80% da população teme que a epidemia da doença se alastre no território.
O vídeo em que a professora de filosofia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Ester Vaisman discorre sobre “o capitalismo ter criado um ser humano adequado ao consumo” também se destacou. De acordo com a organizadora do livro Lukács: Estética e Ontologia, o “capital não é algo material. Pelo contrário, é uma relação social. Porém, ele ganha uma autonomia, como se tivesse uma vontade própria, construindo um ser humano adequado a ele. Portanto, o fato de um shopping center se tornar um lugar de lazer no fim de semana é um símbolo maior dessa alienação que se dá no nível do consumo. Logo, a alienação não se dá apenas na fábrica, na indústria: ela atinge a todos, mesmo os que não atuam, no chão de uma fábrica”, analisa.