O ex-presidente da Bolívia Evo Morales chegou nesta terça-feira (12/11) no México após receber asilo político do governo de Andrés Manuel López Obrador. Morales e o ex-vice Álvaro García Linera aterrissaram na Cidade do México por volta das 14h20 (horário de Brasília). Mas, para que o avião resgatasse Morales e chegasse ao país, um longo caminho – diplomático – precisou ser feito. O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, classificou a ação como um “périplo”.
Para que o Gulfstream do governo mexicano chegasse a Chimoré, na Bolívia, era preciso uma parada para reabastecimento no Peru. “O avião parou em Lima, no Peru, e teve que esperar para solicitar as licenças correspondentes, algo muito complexo por causa da situação, em que não se sabe quem decide o que”, disse.
A aeronave pousou, reabasteceu e voltou a voar, com a permissão das Forças Armadas bolivianas para que entrasse no espaço aéreo do país. No entanto, quando chegou à Bolívia, o Gulfstream precisou dar meia volta, pois chegou aos pilotos a informação de que a autorização não era válida.
“Eles tiveram que retornar a Lima e esperar várias horas, mas graças à intervenção de nossa embaixadora, subsecretário e um servidor, conseguimos uma permissão com o comando [das Forças Armadas], que mostra quem tem força lá”, contou Ebrard.
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O chanceler mexicano disse a embaixadora do país na Bolívia, Teresa Mercado, foi fundamental na negociação – ela convenceu os militares a deixarem o avião ingressar no espaço aéreo boliviano. Assim foi feito e a aeronave pousou em Chimoré.
Reprodução/Flightradar24
Mapa mostra rota feita por avião mexicano que levava Evo Morales
Saída
Com o avião pronto para sair da Bolívia e com Morales a bordo, os governos de Peru e Equador negaram autorização para que seus espaços aéreos fossem sobrevoados.
Segundo o jornal El Deber, Martin Vizcarra, presidente do Peru, decidiu por “valores políticos” suspender a permissão, forçando o governo mexicano a pedir autorização do Paraguai, com ajuda do presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, para sobrevoar a área e abastecer o avião. Fernández ligou, então, para o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez, que se colocou à disposição.
Isso fez com que o ex-presidente e o ex-vice ficassem dentro do avião por aproximadamente 5 horas, esperando para decolar. “Já havia uma situação difícil, porque os seguidores dele [Morales] estavam ao redor do aeroporto e, dentro, elementos das Forças Armadas da Bolívia”, contou Ebrard.
Então, o voo, que sairia de Chimoré e iria para noroeste, rumo à Cidade do México, precisou descer para sudeste, rumo à capital paraguaia. Chegando lá, o avião foi reabastecido, mas a Bolivia havia negado, novamente, autorização de voo.
“Ao falar com a Bolívia, nos disseram que não seria dada permissão para cruzar seu espaço aéreo de Assunção ao Peru, então, como não se podia cruzar a Bolívia, as alternativas foram que o embaixador [do México] no Brasil nos disse que ajudaria a intervir”, disse o chanceler.
Com a intervenção do embaixador mexicano José Ignácio Piña, que serve em Brasília, foi obtida uma autorização da Bolívia e do Brasil para que a aeronave de Morales sobrevoasse na linha fronteiriça entre os dois países. Dali, o avião sairia em direção ao Peru – que também permitiu a entrada, sem que o avião parasse no país.
Estava prevista uma escala, no entanto, em Guayaquil, no Equador, para reabastecimento, da qual os pilotos acabaram desistindo. Para completar, no meio do voo, Quito cancelou a autorização de sobrevoo – e foi preciso contornar o país e ir por águas internacionais.
Morales e Linera, então, voaram por águas internacionais até a chegada no espaço aéreo mexicano.