Abaixo, leia o que o relatório final da CNV (Comissão Nacional da Verdade), entregue à presidente Dilma Rousseff em dezembro de 2014, concluiu sobre os quatro brasileiros denunciados na Itália por participação na Operação Condor. Os quatro ex-agentes da repressão — três militares e um da polícia civil — são citados pela CNV como responsáveis por graves violações de direitos humanos cometidos no regime de exceção:
Igor Ojeda/Flickr/Brasil de Fato
Em 2012, ativistas organizaram ato de escracho nas redondenzas das casas de ex-agentes da ditadura militar
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JOÃO OSWALDO LEIVAS JOB (1927-)
Na lista da CNV dos agentes da ditadura a serem responsabilizados pelos crimes, João Oswaldo Leivas Job está apontado como responsável pela “gestão de estruturas e condução de procedimentos destinados à prática de graves violações de direitos humanos”:
Coronel do Exército. Agente da Divisão Central de Informações da Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul no início da década de 1970. Chefe do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do I Exército em 1974 e 1975. Secretário de Segurança Pública do estado do Rio Grande do Sul de 1979 a 1982. Teve participação no sequestro dos cidadãos uruguaios Universindo Rodríguez Díaz e Lilián Celiberti, em 1978. [vol. 1, parte IV, capítulo 16, pág. 866]
CARLOS ALBERTO PONZI (1925-)
Na lista da CNV dos agentes da ditadura a serem investigados pelos crimes, Carlos Alberto Ponzi está apontado como responsável pela “gestão de estruturas e condução de procedimentos destinados à prática de graves violações de direitos humanos”:
Coronel do Exército. Serviu em 1971 na área de informações da 6a Região Militar, tendo participado da Operação Pajussara. Chefiou a agência do SNI em Porto Alegre no final da década de 1970 e início da de 1980. Em 2007, foi denunciado pelo procurador de Justiça italiano Giancarlo Capaldo como um dos responsáveis pelo sequestro e desaparecimento do cidadão argentino Lorenzo Ismael Viñas, ocorrido em Uruguaiana (RS), em junho de 1980. [vol. 1, parte IV, capítulo 16, pág. 860]
ÁTILA ROHRSETZER (1931-)
Na lista da CNV dos agentes da ditadura a serem responsabilizados pelos crimes, Átila Rohrsetzer está apontado como “autor direto de condutas que ocasionaram graves violações de direitos humanos”:
Coronel do Exército. Chefiou o serviço de informações do comando do III Exército desde sua criação, em 1967, até 1969. Em 1970 e 1971, chefiou a Divisão Central de Informações (DCI), órgão com funções equivalentes aos Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), que atuava em parceria com as áreas de segurança e informações do III Exército, sendo, porém, formalmente subordinado à Secretaria de Segurança Pública do estado do Rio Grande do Sul. Organizou o DOI-CODI do III Exército em 1974 e 1975, sob a chefia do coronel João Oswaldo Leivas Job, primeiro chefe desse destacamento. Recebeu a Medalha do Pacificador com Palma em 1971. Foi um dos mentores do “Dopinha” – local clandestino de tortura instalado no centro de Porto Alegre. Em 1967 foi denunciado na comissão parlamentar de inquérito da Assembleia Legislativa do estado do Rio Grande do Sul que investigou o “caso do sargento das mãos amarradas”. Está na lista dos 13 agentes do Estado brasileiro citados pelo procurador Giancarlo Capaldo, responsáveis pelo desaparecimento forçado dos ítalo-argentinos Horacio Domingo Campiglia Pedamonti (1980), no Rio de Janeiro, e Lorenzo Ismael Viñas Gigli (1980), na fronteira de Paso de los Libres (Argentina) e Uruguaiana (Brasil). Teve participação em casos de sequestro, tortura e execução. Vítimas relacionadas: Manoel Raimundo Soares (1966); Antônio Pinheiro Salles, João Carlos Bona Garcia e Gustavo Buarque Schiller (1970); Lilián Celiberti e Universindo Rodríguez Díaz (1978); Horacio Domingo Campiglia Pedamonti e Lorenzo Ismael Viñas Gigli (1980). [vol. 1, parte IV, capítulo 16, pág. 873]
MARCO AURÉLIO DA SILVA REIS (sem informação no relatório)
Na lista da CNV dos agentes da ditadura a serem responsabilizados pelos crimes, Marco Aurélio da Silva Reis está apontado como “autor direto de condutas que ocasionaram graves violações de direitos humanos”:
Delegado de polícia. Serviu no Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul (DOPS/RS). Teve participação em caso de prisão ilegal e tortura. Vítimas relacionadas: Antônio Pinheiro Salles (1970), Lilián Celiberti, Universindo Rodriguez Díaz (1978). [vol. 1, parte IV, capítulo 16, pág. 913]
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