O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em entrevista nesta terça-feira (07/04), à radio NPR, que seria um “erro básico de julgamento” exigir que o Irã reconhecesse a existência do Estado de Israel no acordo nuclear firmado entre Teerã e o grupo de países que costurou o pacto na semana passada.
O reconhecimento é um desejo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que, no último final de semana, deu uma série de entrevistas em redes de televisão norte-americanas atacando o acordo e dizendo que ele era “ideal para o Irã e um pesadelo para o resto do mundo”.
Reprodução/NPR/YouTube
Obama, em entrevista à radio NPR: vincular acordo a reconhecimento de Israel seria “erro básico de julgamento”
“A noção de que condicionaríamos o Irã a não ter armas nucleares, em um acordo verificável para o Irã reconhecesse Israel, é a mesma coisa de dizer que não assinaríamos um acordo a não ser que a natureza do regime iraniano mudasse completamente”, afirmou Obama. “E isso, eu acho, é um erro básico de julgamento. Eu quero retornar a esse ponto: nós não queremos que o Irã tenha armas nucleares precisamente porque não conseguimos contar com a natureza do regime mudando. É exatamente por isso que não queremos armas nucleares. Se, de repente, o Irã se transformasse na Alemanha, na Suécia ou na França, então haveria um conjunto diferente de conversas sobre a infraestrutura nuclear dele.”
Na entrevista, Obama defendeu, repetidas vezes, o acordo com Teerã.
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“Meu objetivo, quando assumi o cargo, era garantir que o Irã não conseguisse uma arma nuclear e acionasse o gatilho para uma corrida por armas nucleares na região mais volátil do mundo. (…) Nós estamos, agora, numa posição na qual o Irã concordou com inspeções e verificações sem precedentes no seu programa, fornecendo garantias de que é de natureza pacífica”, afirmou.
Veja a íntegra da entrevista (em inglês):
“Você tem um recuo em um número de caminhos que atualmente eles [Irã] têm disponível para trilhar e conseguir uma arma nuclear. Você tem garantias de que o estoque de urânio altamente enriquecido ficará em um lugar onde eles não poderão criar uma arma nuclear. E isso não dura apenas pelos primeiros dez anos [após o acordo], mas as inspeções e verificações que são sem precedentes continuam por outra década após isso.”
Cuba
Na mesma entrevista, o presidente norte-americano disse que vai agir “rapidamente” assim que receber uma recomendação do Departamento de Estado norte-americano a respeito da remoção de Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo.
Após a reaproximação com Washington em 17 de dezembro de 2014, a ilha liderada pelos irmãos Castro reforçou que a sua saída da lista norte-americana seria uma demanda fundamental para o restabelecimento de relações diplomáticas entre as nações.
Na entrevista, o chefe de Estado norte-americano acrescentou ainda que sua decisão de retirar Havana da “lista negra” – da qual Cuba ingressou em 1982, quando apoiava grupos de oposição marxistas – se baseará nas atuais atividades “em matéria de terrorismo”.