Os chanceleres e representantes dos países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovaram nesta sexta-feira (24/08) uma resolução de “solidariedade e apoio” ao Equador diante de seu conflito diplomático com o Reino Unido. Em virtude de ameaças de invasão da embaixada do país em Londres para a captura do fundador do Wikileaks, Julian Assange, o documento do grupo pede a rejeição de “qualquer tentativa que ponha em risco a inviolabilidade das missões diplomáticas”.
Assange está alojado na embaixada do Equador no Reino Unido desde 19 de junho, data na qual deixou sua prisão domiciliar e pediu ao governo de Rafael Correa a concessão de um asilo político. A resposta positiva para o pedido veio no último dia 16, momentos após o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, alegar que o governo britânico pretendia invadir a representação diplomática para prender o jornalista. Fundamentada em uma lei interna de 1987, a ameaça teria sido feita através de uma carta enviada diretamente a ele pelo ministério de Relações Exteriores britânico. O chanceler britânico, William Hague, afirma que o país “não reconhece o conceito de asilo político”.
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O Reino Unido tenta prender Assange para cumprir uma ordem de extradição à Suécia, onde o jornalista responde a dois crimes de agressão sexual. Assange nega ter cometido qualquer uma dessas infrações e teme que sua ida ao país escandinavo seja uma estratégia para levá-lo aos Estados Unidos, onde poderia sofrer duras penas por conta das revelações de documentos secretos pelo Wikileaks.
Apoio e ressalvas
O país recebeu diversas manifestações de apoio, em especial por parte da Venezuela, da Nicarágua, da Argentina, do Bolívia e do Uruguai. México e Colômbia também fizeram o mesmo, mas não condenaram a ameaça britânica com tanta veemência..
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, avaliou que a carta dos britânicos atropelou as normas das Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e sobre Relações Consulares. “Pedimos que a Venezuela esteja ao nosso lado sem hesitação, pedindo ao Reino Unido que se retrate imediatamente sobre carta ameaçadora”.
Já Estados Unidos, Canadá e Panamá aprovaram o documento com ressalvas, rechaçando a hipótese de ameaça britânica. “Sejamos realistas e claros. Não devemos perpetuar o debate sobre ameaças sobre as quais já se deu garantias de que não existem”, disse John Feeley, secretário-adjunto de Estado dos EUA.