A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou nesta segunda-feira (11/11) uma reunião do conselho permanente para discutir a “situação da Bolívia”. O encontro marcado para esta terça-feira (12/11).
O anúncio da reunião foi classificado como uma sessão extraordinária e foi solicitado por oito países, incluindo o Brasil. Mais cedo, a organização afirmou que “rejeita qualquer saída inconstitucional da situação” e pediu que se “respeite o Estado Democrático” do país.
“O secretário Geral pediu uma sessão urgente da Assembléia Legislativa Plurinacional da Bolívia para assegurar o funcionamento institucional e nomear novos nomes eleitorais para garantir as novas eleições”, afirma em nota a OEA.
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A OEA acompanhou as eleições presidenciais do dia 20 de outubro na Bolívia, que deram vitória a Evo Morales no primeiro turno. Ainda assim, a organização recomendou que fosse realizado um segundo turno.
“Se, concluída a apuração, a margem de diferença for superior a 10%, estatisticamente é razoável concluir que será por uma percentagem ínfima. Devido ao contexto e às cinco problemáticas evidenciadas neste processo eleitoral, continuaria sendo uma melhor opção convocar um segundo turno”, afirmou o órgão em comunicado.
Mesmo tendo vencido no primeiro turno, ao obter mais de 40% dos votos e mais de 10 pontos percentuais do segundo colocado, Evo Morales solicitou uma auditoria à OEA para que fizesse uma avaliação do processo eleitoral. O principal adversário de Evo na disputa, Carlos Mesa, do partido Comunidade Cidadã se recusou a apoiar a auditoria da OEA.
As posições da organização internacional durante o processo eleitoral e nas discussões sobre a apuração dos votos foram criticadas por diversas personalidades políticas. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, afirmou que o relatório da OEA sobre a eleição “foi a facada e o gatilho que geraram maiores fontes de violência. Eles desencadearam uma repressão brutal contra o povo boliviano. A OEA faz parte desse golpe contra Evo Morales”.
O ex-candidato à presidência da República do Brasil Fernando Haddad também afirmou que a OEA “abriu caminho para o golpe na Bolívia”.
Morales mesmo discordando da posição da OEA que pediu um segundo tuno e qualificando o relatório como uma “decisão política”, decidiu convocar novas eleições, o que foi insuficiente para impedir o golpe militar em andamento.
ABI
Evo Morales renunciou após sofrer um golpe de Estado na Bolívia
México
O governo do México, que também considera ter havido um golpe de Estado contra Morales, foi um dos solicitantes da reunião de urgência da organização após a renúncia de Evo Morales da presidência da Bolívia em decorrência a um golpe de Estado no país.
Marcelo Ebrad, ministro das Relações Exteriores do México, questionou o silêncio da organização diante do episódio em que o exército boliviano “sugeriu” que Morales saísse do cargo, quando o ex-presidente já havia convocado novas eleições no país.
O presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, disse que a decisão de Morales foi para evitar uma guerra civil na Bolívia e reiterou que o episódio foi um golpe de Estado contra o ex-mandatário.
Eleições
No domingo (10/10), Morales anunciou novas eleições gerais e a renovação total dos membros do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) após o parecer da OEA que recomendou a realização de um novo pleito.
O parecer da organização foi rechaçado pelo Centro de Pesquisa Econômica e Política (CEPR), com sede nos Estados Unidos, que publicou uma análise estatística que mostrou que havia não evidências de fraudes nas eleições bolivianas.
O CEPR diz que, em mais de 500 simulações, Morales aparecia vencendo no primeiro turno. Os analistas também questionaram a declaração OEA após as eleições. De acordo com Mark Weisbrot, co-diretor da CEPR, a organização emitiu um comunicado sem nenhuma evidência de que tivesse havido algum tipo de fraude na contagem dos votos.