Mais de 50 mil pessoas saíram às ruas na Grécia nesta quarta-feira (08/03) para protestar após o desastre de trem que matou 57 pessoas na semana passada. Os manifestantes pedem agora a renúncia do governo.
A Grécia está paralisada nesta quarta pela greve decretada em diversos setores, principalmente no transporte e nos serviços públicos, para protestar contra o governo pela tragédia ferroviária.
Em Atenas, cerca de 40 mil pessoas marcharam em direção ao Parlamento pela manhã, de acordo com a polícia. Em Salônica, a segunda maior cidade do país, a manifestação reuniu ao menos 15 mil gregos.
Entre os cartazes, muitos pedidos de renúncia do governo do conservador Kyriakos Mitsotakis, que é criticado pela forma como tem tratado o grave desastre ferroviário que matou 57 pessoas.
No dia 1°, um trem de passageiros colidiu com um trem de cargas que circulava na mesma via em direção oposta na região de Lárissa. O chefe da estação, um ex-funcionário do Ministério da Educação que estava no cargo há pouco mais de um mês, admitiu o erro.
Os manifestantes reclamam a responsabilização da empresa Hellenic Train e de autoridades pelas más condições do sistema ferroviário do país. O chefe do governo tem sido criticado por dizer horas após o desastre que foi “um trágico erro humano”.
Não foi um acidente
Um folheto distribuído nas ruas pela associação de estudantes de Atenas dá o tom da indignação que tomou as ruas do país. “Não é um acidente, é política”, diz o panfleto.
Diante do Parlamento grego nesta quarta, Niki Siouta, uma engenheira civil de 54 anos, deseja a renúncia do governo. “Estou aqui para prestar homenagem aos mortos, mas também para expressar minha raiva e minha frustração.”
Trine Juel/Flickr
A engenheira acredita que as más condições da rede ferroviária estatal e a falta de um sistema de segurança eram as razões principais da tragédia que comove o país.
A população expressa sua indignação e amargura pela situação decadente dos serviços públicos na Grécia desde que o país passou por uma série de planos de austeridade econômica impostos pela União Europeia.
“Este é o mesmo governo que não dá dinheiro para educação e hospitais”, denunciaThanassis Oikonomou, representante do sindicato das empresas de ônibus de Atenas.
Jovens entre as vítimas
O desastre levou a vida de muitos jovens e estudantes. Imagens de pais enterrando seus filhos, muitas vezes transmitidas ao vivo pela televisão, abalaram o país.
O que as autoridades têm chamado de “tragédia nacional” é visto pela população como responsabilidade do governo.
Nos últimos dias, os sindicatos ferroviários relembraram os alertas dados anteriormente sobre as graves falhas técnicas nesta linha bem antes da tragédia, que nunca tiveram atenção das autoridades.
Embora prometendo indenização às famílias das vítimas, o ministro dos Transportes, Giorgos Gerepetridis, admitiu que o acidente poderia ter sido evitado se a instalação do “sistema global de gerenciamento remoto tivesse sido concluída”.
De acordo com reportagens da mídia grega, espera-se que outras autoridades ferroviárias sejam processadas nos próximos dias.