A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou hoje (9) mais uma informação trágica em termos humanitários sobre o ataque israelense à Faixa de Gaza. Trinta pessoas teriam sido mortas num imóvel onde o próprio Exército de Israel mandou que elas ficassem.
O fato teria ocorrido no domingo passado, segundo um
documento do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da
ONU.
“De acordo com várias testemunhas, em 4 de janeiro,
soldados de infantaria israelenses evacuaram 110 palestinos, a metade
deles crianças, para um imóvel em Zeitoun e disseram que ficassem ali
dentro”, afirma o texto.“Vinte e quatro horas depois, forças
israelenses bombardearam repetidamente o imóvel, matando
aproximadamente 30 pessoas que estavam no local”, concluiu o informe.
O Exército israelense, por meio do porta-voz Yaacov Dallal, qualificou a notícia de “inverossímil” e assegurou que, “no momento dos fatos, não tinha tropas ali”.
Zeitoun é um bairro dos arredores da Cidade de Gaza, onde as forças israelenses tomaram posições para atacar a capital do território. O porta-voz destacou que “é improvável que um fato com tantas vítimas tenha passado despercebido durante quatro dias, e que nenhum veículo de comunicação tenha reportado o ato ou haja relatórios em hospitais”.
ONU decide retomar trabalhos humanitários
Após interromper as operações na Faixa de Gaza durante um dia – decisão motivada pela morte de um motorista que transportava ajuda humanitária –, a ONU anunciou hoje que retomará as atividades no território palestino assim que receber “garantias confiáveis” do alto comando militar israelense de que as tropas respeitarão os trabalhos da organização.
“Os deslocamento do pessoal da ONU, que ontem foram suspensos, serão retomados assim que for possível”, disse a porta-voz Michèle Montas, na sede das Nações Unidas, em Nova York.
Diversas organizações humanitárias alertam que Israel está dificultando o trabalho dos agentes e de voluntários desde o início dos bombardeios. A Cruz Vermelha afirmou que enfrenta dificuldades para socorrer os feridos. Uma equipe conseguiu entrar ontem pela primeira vez em várias casas do bairro de Zaytun, na Cidade de Gaza, atingidas pelos bombardeios israelenses, onde encontraram cadáveres, feridos e crianças extremamente debilitadas.
A autorização para que a Cruz Vermelha e ambulâncias do Crescente Vermelho Palestino chegassem a essas vítimas só foi dada quatro dias após a solicitação, disse um porta-voz da organização, em Genebra. “A equipe conjunta encontrou em uma das casas quatro crianças pequenas ao lado da mãe morta. Elas estavam tão fracas que não conseguiam se manter de pé”, relatou a Cruz Vermelha.
Israel contraria Conselho de Segurança e mantém ataques
O Conselho de Segurança da ONU adotou, com a abstenção dos Estados Unidos, uma resolução que pede a declaração de um cessar-fogo imediato em Gaza, a retirada das tropas israelenses e a entrada, sem empecilhos, de ajuda humanitária em território palestino.
O documento, elaborado pelo Reino Unido, em colaboração com a França e países árabes, expressa o apoio dos membros do CS ao plano proposto pelo Egito, que pede uma trégua duradoura e sustentável.
A secretária de Estado Condoleezza Rice alegou que os Estados Unidos se abstiveram porque preferem conhecer o resultado da mediação egípcia antes de apoiar o texto proposto pelo Reino Unido. Segundo ela, Washington decidiu não vetar a resolução por apoiar seu conteúdo e porque sua aprovação é um caminho “para a paz duradoura e sustentável em Gaza”.
Israel rejeitou a proposta da ONU e prosseguiu com a ofensiva. Segundo Moaweya Hasanein, chefe dos serviços de emergência em Gaza, pelo menos 792 palestinos já morreram e outros 3.300 ficaram feridos. Hoje, 27 pessoas haviam morrido até o início da noite.”Desde que começou a ofensiva, 50% das vítimas são civis, em sua maioria mulheres e crianças”, afirmou Hasanien.
Já morreram também nove israelenses, todos militares.
Relatos do Oriente Médio
O Opera Mundi ouviu uma brasileira que mora em Israel, casada com um soldado convocado para o conflito, e um palestino que está sempre em contato com parentes no território palestino. Clique nas palavras azuis para ler as reportagens.
NULL
NULL
NULL