Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) pediram na quarta-feira (12/06) que o Conselho de Direitos Humanos abra uma investigação independente sobre as mortes de civis no Sudão.
Os responsáveis pelo pedido disseram que estão “alarmados” com os números de mortos e feridos que foram reportados após a repressão dos militares contra manifestantes em Cartum, capital do país.
“Dada a escala e gravidade das violações de direitos humanos relatadas e a necessidade de agir rapidamente para evitar uma escalada maior, pedimos ao Conselho de Direitos Humanos que estabeleça uma investigação independente sobre as violações de direitos humanos no Sudão e monitore ativamente os desenvolvimentos no terreno”, afirma os especialistas.
O texto afirma que as autoridades sudanesas “fracassaram” ao não respeitar e proteger os direitos dos cidadãos em manifestar e expressar opiniões e exigências.
O documento ainda rechaça a tentativa do governo sudanês de tentar controlar os protestos com uso de força letal. “Pedimos ao Conselho Militar de Transição (CMT) que respeite e proteja o direito à liberdade de reunião pacífica e que lide com as causas subjacentes às manifestações. Conforme instruído pela União Africana, o CMT deve prontamente entregar o poder a uma autoridade civil. Isso evitará que o Sudão continue precipitando em um abismo de direitos humanos”, afirmam as Nações Unidas
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Manifestantes no Sudão pedem a transição dos militares para um governo civil.
Manifestantes suspendem paralisação
O movimento Aliança para a Liberdade e Mudança suspendeu nesta quarta a paralisação na capital sudanesa para que as negociações com o Conselho Militar voltassem a acontecer.
A paralisação estava acontecendo desde o domingo (09/06) e era um protesto contra os episódios de violência policial e a detenção de três líderes do movimento.
Os manifestantes tomaram as ruas desde a queda de Omar al-Bashir para pedir a transição do governo militar para uma direção civil no país.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, foi a Cartum na sexta-feira (07/06) para tentar mediar a crise política no Sudão. A visita aconteceu após a União Africana (UA) suspender os sudaneses da organização.