A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um comunicado, na quinta-feira (05/05), para que as autoridades israelenses cancelem a decisão da Suprema Corte de despejar 1.300 palestinos que vivem em oito vilarejos nas colinas no sul da cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada.
Em nota, Lynn Hastings, Coordenadora Humanitária e Residente da ONU no Território Palestino Ocupado, alertou que a decisão “equivale a uma transferência forçada”.
“A decisão afeta mais de mil palestinos, incluindo 500 crianças, na Cisjordânia ocupada e permite o despejo dos moradores”, afirmou Hastings no comunicado, acrescentando que “como todos os recursos legais internos foram esgotados, a comunidade está agora desprotegida e em risco de deslocamento iminente”.
Hastings alertou ainda que “tais despejos que resultam em deslocamento podem equivaler a uma transferência forçada, contrariando as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e o direito internacional”.
Por fim, disse reiterar os “apelos do secretário-geral da ONU sobre Israel”, de “cessar demolições e despejos no Território Palestino Ocupado, de acordo com as obrigações do direito internacional”.
Também na sexta-feira, a Jordânia emitiu um alerta contra o despejo planejado e contra os planos israelenses de construção de quase quatro mil assentamentos em outras áreas da Cisjordânia.
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Região de Masafer Yatta é formada por 12 vilarejos, das quais 8 estão sob ordem de despejo
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Jordânia, Haitham Abu Alfoul, disse que “a expansão dos assentamentos é uma violação flagrante da lei e das resoluções internacionais”, segundo a agência oficial de notícias Petra.
Expulsão de palestinos
Os moradores da região de Masafer Yatta têm resistido a demolições, apreensões de propriedades, restrições, interrupções no abastecimento de alimentos e água, bem como a ameaça persistente de expulsão desde antes de 1981, ano em que uma ação de despejo começou a correr no judiciário israelense.
Na última semana, a Suprema Corte de Israel confirmou a ordem de expulsão contra oito das 12 vilarejos palestinos que formam Masafer Yatta. Israel argumentou que os moradores usam a área apenas para agricultura sazonal e que lhes foi oferecido um acordo que lhes daria acesso ocasional à terra.
Os palestinos dizem que, se implementada, a decisão abre caminho para o despejo de todas as 12 comunidades que têm uma população de 4 mil pessoas, principalmente beduínos que dependem do pastoreio de animais e de uma forma tradicional de agricultura no deserto.
Os moradores de Jinba, um dos vilarejos, disseram na sexta-feira que se opõem a qualquer acordo porque vivem na área muito antes de Israel ocupar a Cisjordânia.
(*) Com Monitor do Oriente Médio.