As forças de oposição do Egito concordaram em apoiar Mohamed El Baradei como negociador ante o governo do presidente Hosni Mubarak, informou neste domingo (30/01) a Coalizão Nacional por Mudança, que reúne vários movimentos, incluindo a Irmandade Muçulmana. O Nobel da Paz, por sua vez, exigiu que o presidente Hosni Mubarak se renda ao clamor popular que pede sua saída do poder e “abandone o cargo neste domingo para salvar o país”.
El Baradei, ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), voltou ao Egito na quinta-feira (27/01) para participar dos protestos que começaram na terça-feira (25/01) contra o regime de Mubarak, que já dura quase 30 anos.
“O país está entrando em colapso. O Egito está entrando em um período de transição, e um governo de unidade nacional é necessário para preencher o vazio e realizar eleições livres e justas. Acho que é uma tentativa desesperada e inútil de Mubarak para seguir no poder”, disse El Baradei.
Questionado se estaria disposto a se transformar em presidente interino, o líder da oposição respondeu que se o povo do Egito reivindicasse sua liderança, “aceitaria”. Antes, o opositor já havia dito que lideraria o Egito no governo de transição se fosse solicitado.
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Irmandade Muçulmana
Em meio a temores de que o grupo conservador Irmandade Muçulmana possa tomar o poder e converter o Egito numa república islâmica fundamentalista, o Nobel da Paz disse que esta “não é uma possibilidade”.
“Eu tenho bastante confiança de que isso não vai acontecer. Isto é um mito criado pelo governo dele [Mubarak], de que as opções são ou a ditadura ou o fundamentalismo islâmico. A Irmandade Muçulmana não tem nada a ver com o Irã, não tem nada a ver com o fundamentalismo. Eles são a favor de um estado laico, não baseado na religião, são conservadores, são uma minoria no Egito”, disse.
Para ElBaradei o grupo deve ser integrado à nova política egípcia. O ativista disse que servir como presidente interino não é sua prioridade e que tem interesse em assuntos globais e de direitos humanos, mas que pode assumir caso este seja o desejo do povo.
EUA
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse neste
domingo que os Estados Unidos querem ver uma transição ordenada de poder
no Egito.
“Queremos ver uma transição ordenada para que ninguém
preencha um vazio, para que não haja um vazio, que haja um plano muito
bem pensado que traga um governo democrático e participativo”, disse
Hillary ao programa “Fox News Sunday”.
Outro aliado do Egito, o primeiro-ministro israelense, Banjamin Netanyahu, disse que Israel deve exercer sua responsabilidade e o comedimento em relação aos protestos, e espera que a estabilidade e os laços pacíficos possam ser duradouros com o Egito, a primeira nação árabe a declarar paz com Israel.
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