Oposição critica Piñera por não homenagear Allende no 46º aniversário do golpe no Chile
Em 11 de setembro de 1973, militares chilenos, com apoio dos Estados Unidos, deram um golpe contra o governo popular de Salvador Allende; ex-presidente morreu no mesmo dia
Partidos chilenos de oposição criticaram nesta quarta-feira (11/09) o presidente do país, Sebastian Piñera, por não ter homenageado o ex-chefe de Estado Salvador Allende no 46º aniversário do golpe militar que culminou na ditadura que durou de 1973 a 1990.
Os partidos Socialista, Pela Democracia, Radical e o Comunista caminharam até o monumento de Allende, na Praça da Constituição, em Santiago, para prestar um tributo ao ex-presidente que foi vítima do golpe. A marcha foi realizada em reação ao governo chileno não realizar um ato de solidariedade à data e ao ex-mandatário.
Segundo La Tercera, Isabel Allende, filha do ex-presidente, afirmou acreditar que a atitude é um “problema interno” do partido de Piñera.
“A mim me deixa absolutamente indiferente, acredito que não vale a pena fazer um ato se não tem sentimento. E eu creio que há muita gente que não tem nenhum sentimento e parece não ter entendido a dor que significou esse golpe civil-militar, a mais feroz das ditaduras que conhecemos”, disse.
A senadora ainda afirmou que o 11 de setembro no Chile “nunca será um dia normal. Mudou para sempre a história do país”.
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Partidos caminharam até monumento de Salvador Allende, em Santigo
Com a decisão de não homenagear Allende, Piñera realizou na manhã desta quarta um discurso, que não abriu para perguntas dos jornalistas, afirmando que a data “recorda muitos erros” e que marcou o fim do governo da Unidade Popular.
“[Este dia] quebrou a nossa democracia, que vinha há muitos anos doente de ódio, divisão, desqualificações e desencontros entre os próprios chilenos”, disse o mandatário.
O chileno chamou a população do país para uma reflexão sobre as consequências de 1973, para que se “aprenda com os erros, se tracem os ensinamentos de nossa história e sempre se aja com total apego e respeito pelo valor da democracia, das nossas instituições e dos direitos humanos”.
Álvaro Elizalde, presidente do Partido Socialista, afirmou que o dia é uma data necessária que seja recordada, pois “com a memória se pode construir um futuro melhor”.
“[O governo] não quer reconhecer algo que todos sabem, que parte importante de sua base de apoio é constituída por quem apoiou o golpe de Estado, apoiaram a ditadura”, disse.
