A presidente do Peru, Dina Boluarte, virou alvo de dois processos judiciais iniciados nesta terça-feira (10/01), em função da sua possível responsabilidade nas mortes de manifestantes em protestos realizados no país nas últimas semanas.
Uma primeira denúncia foi apresentada na manhã desta terça pela parlamentar de esquerda Ruth Luque, do partido de centro-esquerda Juntos Pelo Peru e opositora ao atual governo.
A ação da legisladora acusa Boluarte e o chefe do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, de serem responsáveis pelas mortes ocorridas na cidade de Juliaca, no Sul do Peru, onde uma manifestação realizada nesta segunda-feira (09/01) foi violentamente reprimida pela Polícia Nacional peruana, ação que produziu a morte de 17 civis e um policial.
Em sua conta de Twitter, a parlamentar progressista disse que a gestão de Boluarte “será recordada por ter o mesmo número de mortes e de dias no poder. Este é um governo que impõe a morte sobre a vida. Miseráveis!”
Cuanta indolencia y anonimia del Gbno de Dina Boluarte y de su premier Otarola frente a las muertes. Su gestión será recordada por tantos muertos como días que permanezcan en Palacio de Gobierno. Son un gobierno de la muerte sobre la vida. Miserables!
— Ruth Luque (@RuthLuqueIbarra) January 10, 2023
Presidência do Peru
A presidente do Peru, Dina Boluarte
A segunda denúncia contra a presidente foi aberta pelo Ministério Público do Peru, por iniciativa da procuradora Patricia Benavides – a mesma que é responsável pelo caso que investiga os possíveis crimes contra as instituições cometidas pelo ex-presidente Pedro Castillo no dia 7 de dezembro de 2022, quando tentou dissolver o Congresso e instaurar um governo de exceção.
A diferença com relação ao pedido da parlamentar Ruth Luque é que este segundo processo pretende analisar todas as mortes de manifestantes, incluindo as registradas em dezembro passado. “Estamos tomando a decisão de abrir uma nova investigação preliminar sobre os eventos violentos ocorridos em dezembro e janeiro”, explicou a procuradora.
Segundo a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH), já foram registradas 45 mortes durante as manifestações realizadas com certa frequência no país desde o dia 10 de dezembro – as quais exigem a realização de novas eleições. Entre essas mortes, há 44 vítimas civis, além de um policial.