Grupos de oposição sudaneses iniciaram neste final de semana uma greve geral em protesto contra os últimos casos de violência policial e a detenção de três líderes do movimento que negociava com as autoridades militares do país. O objetivo é exigir a renúncia do Conselho Militar, que governa o país, e instalar uma administração civil em Cartum.
As lojas permaneceram fechadas e as ruas ficaram desertas neste domingo (09/06) na capital sudanesa, primeiro dia da greve. O aeroporto de Cartum funcionou normalmente para voos nacionais e internacionais, apesar de alguns funcionários terem aderido à greve.
Na tradição muçulmana, o domingo é um dia útil.
Foram registrados incidentes de violência, com um saldo preliminar de três mortos na repressão das forças de segurança contra civis, após a oposição, aglutinada em grande parte nas Aliança pela Liberdade e Mudança, ter feito um chamado à desobediência civil em todo o Sudão.
A greve foi convocada após o secretário-geral do partido Movimento de Libertação do Povo do Sudão Norte (SPLM-N), Ismail Jalab, seu porta-voz, Mubarak Ardol, e o chefe-adjunto da organização, Yasir Arman, terem sido detidos por homens armados. A isso, se junta a violenta desmobilização, na semana passada, do acampamento de manifestantes de oposição, que estavam em frente à sede do Exército, em Cartum.
Militares no poder
Após a queda do ex-presidente Omar al-Bashir em 11 de abril, que foi deposto do cargo depois três décadas na presidência, os militares estão no poder em uma “transição” que, dizem, vai durar dois anos.
Manifestantes tomaram as ruas desde a queda de al-Bashir para pedir que os militares saíssem do poder e que entrasse um governo civil. Até o momento, as negociações entre o Conselho Militar e a Aliança para formar um mandato civil no país fracassaram.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, foi a Cartum na sexta-feira (07/06) para tentar mediar a crise política no Sudão. A visita aconteceu após a União Africana (UA) suspender os sudaneses da organização. Ahmed se encontrou separadamente com o conselho militar, comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e com os representantes da Aliança.
(*) Com teleSUR
Sudanese Translators for Change/STC/Facebook
Ruas de Cartum ficaram desertas no primeiro dia de greve geral no país