O líder e ex-candidato presidencial da oposição na Venezuela, Manuel Rosales, enviou uma mensagem de vídeo aos seus compatriotas hoje (22) diretamente de Lima, Peru, onde espera avaliação de um pedido de asilo. Rosales, prefeito de Maracaibo (oeste da Venezuela) e o principal opositor do presidente Hugo Chávez, enfrenta um processo por corrupção e se manifestou logo após uma ordem de prisão por um tribunal venezuelano ser emitida, que também solicitou à Interpol (polícia internacional) colaboração para aplicar uma ordem de captura internacional.
Durante a gravação, feita por meio da televisão pública peruana, o político afirmou que não regressaria ao país natal, pois “democrata não se entrega a ditador”, que Chávez o persegue “covardemente protegido nas calças dos chefes militares”, e anunciou que “a luta continuará até o fim deste filme de terror”.
Minutos após concluir a mensagem, o ministro das Relações Exteriores peruano, José Antonio García Belaúnde, interrompeu um conselho de ministros no Palácio de governo, em Lima, para chamar a atenção de Rosales por haver transmitido um pronunciamento político e insultado Chávez de Lima.
“O Peru não pode ser utilizado como palanque político por nenhum estrangeiro, porque isso violaria a própria natureza do asilo político”, advertiu Belaúnde, lembrando que seu país é “hospitaleiro” e “respeitador” do direito internacional e das instituições. O pedido de asilo Rosales ainda está sendo analisado.
Os ministros e parlamentares do governista PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela) acusaram Rosales de “agir covardemente”, por não comparecer ao tribunal. Segundo os políticos, ele não conseguiu demonstrar a origem de cerca de 24 mil dólares de suas finanças pessoais no período entre 2002 e 2004.
Clandestino
Durante semanas se manteve a polêmica se Rosales se apresentaria ou não ao tribunal. Apesar de ser o prefeito de Maracaibo, a segunda maior cidade do país, Rosales desapareceu da vista de todos e permanecia na clandestinidade. A maioria de seus apoiadores, segundo pesquisas-relâmpago dos meios de comunicação, afirmou que ele não deveria se entregar.
Três dias antes da audiência, marcada para o último dia 20, deputados dissidentes do partido governista tiveram acesso a um rascunho da ata do tribunal e revelaram que já estava escrita a ordem para enviá-lo à prisão de La Planta, em Caracas, apesar de as leis venezuelanas preverem que os julgamentos devem correr com o réu em liberdade.
Prisões
Em entrevista ao Opera Mundi, o analista Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, afirmou que “o governo pretende criar uma aura de medo, para imobilizar seus opositores, enquanto lida com os fortes impactos da crise econômica mundial”.
No dia 2 de abril, foi preso o ex-ministro da Defesa da Venezuela, general Raúl Isaías Baduel, sob acusação de enriquecimento ilícito. O político fazia atualmente oposição ao governo de Chávez.
Alguns policiais julgados por três das 19 mortes ocorridas durante tiroteios no dia 11 de abril de 2002, na tentativa de deposição de Chávez, receberam a pena máxima: 30 anos de prisão.
Opositores políticos e militares acusados de amotinação estão presos e muitos fugiram para o exterior, para países como Colômbia, Peru, Costa Rica e principalmente Estados Unidos. Outros são ameaçados com processos judiciais. “Chávez não lotará as prisões. Para ele, basta mostrar o que pode acontecer com quem deserda”, disse León.
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