O Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos de Honduras (Cofadeh) denunciou o aumento constante de violações de direitos humanos cometidos pelos repressores do regime de Roberto Micheletti. Por meio do documento “Rostos e cifras da repressão”, a entidade contabilizou 21 vítimas de assassinatos – entre eles quatro professores – e 4.234 denúncias recebidas por violação de liberdades fundamentais, entre outros abusos.
Segundo a entidade, a perseguição aumentou no período entre 16 de julho e 15 de outubro, quando foram registradas novas denúncias de perseguição, agressão, prisões ilegais e tortura.
Desde 28 de junho, dia em que Manuel Zelaya sofreu um golpe de Estado, 1.987 pessoas foram presas ilegalmente, duas sequestradas e 114 presos políticos foram acusados de “perturbar a ordem pública” e aguardam julgamento em liberdade condicional.
Imagens da repressão no dia da volta de Zelaya:
Quanto à liberdade de circulação, houve 52 prisões feitas por policiais militares somente durante o toque de recolher, estabelecido inúmeras vezes pelo governo golpista.
Ditadura
A coordenadora geral do Cofadeh, Bertha Oliva, disse que, ao reunir os dados do documento, se sentiu perturbada, pois acreditava que nas últimas décadas havia ocorrido avanços em matéria de direitos humanos. “Não estamos diante de um fato isolado, mas sim de uma estratégia que pretende tomar o poder num longo prazo, ou seja, uma ditadura que chegou para ficar na região”, afirmou.
Foram registradas 15 lesões graves, 394 espancamentos e 211 ferimentos com armas não convencionais contra presos. Também houve denúncias contra a liberdade de expressão. Além de 14 ataques contra meios de comunicação e 12 agressões contra jornalistas.
Para o sindicalista Carlos H Reyes, os ditadores em Honduras não reconhecem as resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), nem da OEA (Organizações dos Estados Americanos). O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores de Bebidas Similares afirma que está preocupado com o futuro do ensino hondurenho após o golpe.
“Hoje os repressores têm rosto e têm nome. Outra das nossas grandes preocupações é a estratégia da ditadura militar contra o setor educacional, já que a perseguição aumentou com a detenção ilegal e arbitrária, prendendo também os professores nas escolas, perseguindo e abrindo processo contra eles”.
O documento estima também 95 ameaças de morte e 13 denúncias de perseguição a lideranças sociais e defensores dos direitos humanos, incluindo quatro ataques contra as organizações do país, entra elas o próprio Cofadeh, o Sindicato dos Trabalhadores de Bebidas Similares e o Sindicato Nacional de Trabalhadores com a Infância.
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