O presidente da Costa Rica, Oscar Árias, condenou o estado de sítio imposto pela ditadura em Honduras e afirmou que é impossível realizar eleições democráticas com interferência do Exército.
“Que tipo de eleições democráticas são estas, onde não se podem realizar reuniões sem a autorização do Exército”, perguntou, em discurso na Conferência das Américas, organizada pelo jornal The Miami Herald, pelo Banco Mundial e pela Universidade Internacional da Flórida.
Árias referia-se à suspensão das garantias constitucionais, do direito à reuniões e associações, assim como o encerramento de meios de comunicação que façam “apelos à violência” por Roberto Micheletti no fim de semana.
“O governo de fato decretou este estado de sítio por 45 dias, com o qual afeta enormemente as eleições, cobre grande parte da campanha [presidencial]. Como é possível realizar reuniões e comícios nessa situação?”, disse Árias.
O golpe de Estado em Honduras foi condenado unanimemente pelos membros das Nações Unidas e Árias foi chamado para exercer a função de mediador do conflito. Desde então, também com caráter de unanimidade, a comunidade mundial adiantou que não reconhecerá nenhum presidente que saia das eleições organizadas pela ditadura em Honduras. “Se o senhor Micheletti mantiver a suspensão das garantias, será muito difícil que um governo reconheça o governo de fato, ou as eleições”, afirmou o presidente centro-americano.
Contra as sanções
Árias lembrou que caso as eleições sejam realizadas com Micheletti no poder, a crise hondurenha não só pode ser agravar, como também deve piorar as condições de vida do próprio povo hondurenho.
“Não quero ver Honduras convertidas numa espécie de Albânia centro-americana. Por isso as sanções econômicas devem desaparecer, porque o grande prejudicado é o povo”, disse o presidente.
Árias reafirmou que a única solução para a crise é o cumprimento do acordo de São José, que prevê o regresso de Manuel Zelaya ao poder até o fim do seu mandato, mas admitiu que o documento pode sofrer alguma alteração.
“Por mim, podem mudar tudo, mas Zelaya tem de voltar ao poder”, disse.
Embaixada brasileira
Para ele, a entrada do presidente hondurenho na embaixadora brasileira em Tegucigalpa, não foi uma boa decisão. “Isso nunca foi parte do acordo e as coisas nunca deviam ter chegado a esse ponto”, acrescentou.
Árias avisou que Micheletti deve reconhecer que um golpe de Estado o levou ao poder. “A comunidade internacional inteira o condenou. Não tem sentido agora ele insistir em dar outro nome um golpe de Estado. Ainda que se vista com roupas de seda, não deixa de ser um golpista”, sentenciou.
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