Apesar de a Ucrânia não ser membro da União Europeia (UE), seu presidente, Volodymyr Zelensky será uma ausência sentida na Cúpula entre os países desse bloco e os da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
O evento programado para esta segunda e terça-feira (17 e 18/07), na cidade de Bruxelas (capital da Bélgica e da UE) era visto pelos líderes europeus como uma chance de buscar maior apoio latino à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Porém, a imprensa do Velho Continente assegura que vários países da Celac votaram contra a participação do mandatário ucraniano.
Segundo a agência italiana ANSA, uma fonte do governo da Argentina teria manifestado que “a questão da guerra, para vários membros da Celac, não tem nada a ver com os temas que serão debatidos na cúpula de Bruxelas”.
“Foi uma decisão do bloco, não só de um país. A Ucrânia não faz parte da União Europeia, nem da Celac”, disse o funcionário argentino, em entrevista off the record ao meio italiano.
A União Europeia considera que, apesar de a Ucrânia não fazer parte dos blocos envolvidos na cúpula, a guerra entre esse país e a Rússia é um dos fatores responsáveis pelo aumento da inflação e da insegurança alimentar nos dois continentes.
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Celac e União Europeia realizarão cúpula entre seus países membros entre dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas, na Bélgica
A imprensa europeia não especificou quais países exatamente teriam objetado a presença de Zelensky, mas alguns meios argentinos, como Clarín e Infobae, asseguram que as pressões para a exclusão do presidente ucraniano partiram de Venezuela, Nicarágua e Cuba.
Coincidentemente, os três países devem ser alvos de um manifesto que a União Europeia pretende incluir no debate entre os blocos, acusando os respectivos presidentes (Nicolás Maduro, Daniel Ortega e Miguel Díaz-Canel) de supostamente violarem direitos humanos e princípios democráticos, iniciativa que também encontra resistência por parte dos países da Celac.
A proximidade de alguns países latinos com a Rússia através do Brics (aliança conformada por Brasil, Índia, China e África do Sul, além de Moscou) pode ser outro fator que incide sobre essa questão.
Embora o Brasil seja o único país da Celac que também forma parte do Brics, a cúpula desse bloco, programada para o próximo mês de agosto, na cidade sul-africana de Johanesburgo, deverá analisar candidaturas de ao menos três países que desejam ser novos membros: Argentina, México e Venezuela.