Uma luta entre Golias e Davi. De um lado, um país detentor de vasto arsenal bélico, forças aéreas e terrestres preparadas para embates no deserto e uma nação inteira treinada para a guerra. Do outro, uma organização que lidera de 20 mil a 40 mil combatentes – segundo estimativas israelenses –, residentes em uma região há anos castigada pela pobre infra-estrutura e que tem como poder de fogo os mísseis Qassam, de fabricação caseira.
É dessa forma que o coronel Geraldo Cavagnari, diretor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, define o conflito em curso entre Israel e o grupo palestino Hamas, na Faixa de Gaza, que já deixou mais de mil mortos do lado palestino e 14 do lado israelense. Conflito do qual os palestinos não têm como escapar, porque tanto Israel quanto o Hamas preferem assim.
De acordo com Cavagnari, é inquestionável a superioridade militar de Israel frente ao Hamas. “Todavia, o contorno não convencional desta guerra faz com que o Hamas imponha severas dificuldades aos avanços israelenses”.
Segundo ele, uma guerra convencional implica em um conflito entre exércitos de igual ou parecido poderio militar – o que não é o caso atual. “Desde 1948, Israel empreendeu guerras convencionais. Em 1967, contra Egito, Síria e Jordânia. E em 1973, contra os dois últimos. Hoje há uma guerra assimétrica. Um mais fraco se escondendo do mais forte e enquanto isso, lançando foguetes”.
Para ele, a nova configuração obriga Israel a recorrer a novas táticas militares para enfraquecer as forças do Hamas. “Percebemos a utilização de armamentos de nível tecnológico mais avançado, com alto poder de destruição. Bombas cirúrgicas, lançadas contra os redutos dos combatentes”. (leia mais)
A invasão terrestre, também, surge como um complemento aos bombardeios. “A questão é que os integrantes do Hamas frequentemente se escondem em edificações com civis e as baixas são inevitáveis”, argumentou Cavagnari. Em batalhas convencionais, segundo ele, as populações gradualmente abandonam os locais de conflito.
“Os palestinos de Gaza não têm como se refugiar, devido ao bloqueio da fronteira com o Egito. Além disso, não é interessante nem para israelenses nem para o Hamas que eles saiam. O primeiro porque teme que militantes escapem junto com as pessoas pelo país árabe, o segundo porque precisa dos civis para sensibilizar a comunidade internacional”, avalia.
Na opinião do especialista, o futuro no Oriente Médio é incerto. “Depois de todas as guerras das quais participou, Israel conseguiu o reconhecimento de somente três paises da região: Egito, Jordânia e Turquia, que é uma nação com muçulmanos, mas não árabe. Além deles, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) igualmente reconhece o governo, no entanto, com interesses envolvidos. Na Palestina, o Hamas, fomentado pela Síria e pelo Irã, contrariou essa tendência e, por isso, Israel fixou como meta eliminá-lo”.
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