A visita ao Brasil do presidente eleito do Panamá, Ricardo Martinelli, acontece poucos dias antes da cerimônia de posse, marcada para 1º de julho.
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O presidente, de orientação direitista, foi eleito com uma campanha de forte cunho popular, focada em ataques à gestão de Martin Torrijos, do Partido Revolucionário Democrático (PRD), e na promessa de um “novo governo”.
Martinelli afirmou à época que sua eleição incentivaria a adesão do empresariado à política na América Latina, pondo um fim a uma “década perdida” no continente com políticos de esquerda.
A economia, pouco afetada pela crise mundial – segundo a Cepal (Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe), o país vai crescer 4,5% em 2009 -, foi um tema pouco explorado na campanha.
A economia do Panamá apoia-se num desenvolvido setor de serviços, que responde por três quartos do PIB (Produto Interno Bruto), segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio). As exportações brasileiras para o Panamá foram de ordem de 380 milhões de dólares em 2007, com os manufaturados representando cerca de 97% das vendas totais do Brasil.
Canal
Os serviços estão diretamente associados à operação do Canal do Panamá, cujo controle total passou ao país em 1999 – após 10 anos de domínio norte-americano –, e também ao setor bancário e à zona de livre comércio de Colón (província panamenha).
O canal passa atualmente por um processo de ampliação, a fim de dobrar a capacidade de escoamento, passando para 600 milhões de toneladas de produtos anuais, de acordo com a Autoridade do Canal do Panamá (ACP).
Em 2007, quando um referendo popular autorizou a ampliação do canal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou as empresas brasileiras a concorrerem a licitações para as obras, porém nenhum consórcio ganhou a disputa.
A construtora brasileira Odebrecht construiu uma rodovia de 40 quilômetros, paralela ao Canal do Panamá, chamada Madden Colón. A obra, uma alternativa de ligação terrestre entre as duas cidades mais importantes do país, Colón e Panamá, custou ao todo 266 milhões de dólares e foi financiada pelo Citigroup, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil), o Banco Nacional do Panamá e o BNP Paribás, que administrou os recursos.
Menos negócios
Atualmente há uma diminuição do volume de negócios no Canal, explicada, segundo Felipe Chapman, diretor da Indesa, empresa panamenha de análise de riscos econômicos, pelo impacto da crise nos países que utilizam o canal. “O volume de carga do canal está diminuindo e continuará a decair em um futuro imediato”, disse.
Houve um trânsito de 14.702 embarcações no ano fiscal de 2008, que terminou em setembro do ano passado – queda de 12,9% em comparação com 2007.
Na opinião do economista, porém, “o projeto de expansão do Canal do Panamá não está ameaçado, a menos que o mundo afunde em uma longa depressão econômica, o que é improvável”.
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