Diferentemente do que ocorreu recentemente com as colônias dos Estados Unidos e do Japão, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) não identifica um fluxo importante de retorno de brasileiros da Europa. “Sabemos intuitivamente que não é assim tão forte. Quando é grande escala, percebemos aqui”, diz Maria Luiza Ribeiro Lopes da Silva, chefe da divisão de assistência consular.
Como os imigrantes não precisam informar ao consulado que estão indo embora de um país e nem há um programa formal mantido pelo governo brasileiro, o Itamaraty não tem um controle de saída. A análise é feita com base nos tipos de serviços que estão sendo demandados da rede consular – como renovação de passaporte ou de repatriamento – e na interação com as comunidades no estrangeiro.
Nos Estados Unidos, que abriga a maior colônia de brasileiros no exterior (1,3 milhão em 2008, segundo estimativa do Itamaraty), o movimento de retorno teve alta entre 2007 e 2008. No Japão, 3ª maior (280 mil), o fenômeno ocorreu entre o ano passado e o início deste ano, desencadeando inclusive ações por parte do governo japonês para estimular a permanência, segundo Luiza Silva.
“Sobre Portugal e Espanha não temos realmente nenhum elemento concreto. Estivemos lá recentemente. Os brasileiros mencionaram a crise pelo qual estão passando os países, mas ainda é cedo para haver um retorno. Há uma esperança de que isso não afete”, diz, mencionando um aumento na imigração para Portugal no ano passado.
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O enraizamento na sociedade funciona como um desestímulo à volta. A chefe da Divisão de Assistência Consular refere a existência de um número elevado de casamentos entre brasileiros e portugueses como exemplo. “Os brasileiros lá criam laços e vão fincando raízes”, diz.
Ainda assim, a imigração brasileira para Portugal e Espanha é mais recente em comparação com as outras comunidades estrangeiras nesses países. O que também pode explicar a participação maior de brasileiros nos programas de retorno mantidos pelos governos locais.
Redes sociais
“Na comunidade brasileira a informação passa mais rápido”, diz a chefe da missão da OIM (Organização Internacional para a Migração) em Portugal, Marta Bronzim. A alegada comunicabilidade é outro fator que ajuda a explicar a participação cada vez mais expressiva de brasileiros no programa de retorno voluntário mantido pelo governo português e administrado pela organização.
Todos os brasileiros entrevistados pelo Opera Mundi têm amigos e conhecidos que estão retornando. É o caso de Ana, Andrea, Graça e seus companheiros de apartamento. A mineira Paula citou outros dois amigos que querem voltar ao Brasil, um deles também inscrito no retorno voluntário. Por outro lado, grupos de brasileiros no mesmo bairro estranhavam a pergunta da reportagem sobre o retorno de brasileiros.
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