O presidente da Síria, Bashar Al-Assad, disse que o Brasil pode atuar como mediador no processo de paz no Oriente Médio. “[O Brasil] tem relações com Israel e boas relações com a Síria, tem credibilidade, nós confiamos nele, então [o governo brasileiro] pode ter esse papel de instigar o processo de paz”, disse ele com exclusividade à Agência de Notícias Brasil, após reunião com a diretoria da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
O tema foi discutido pelo presidente sírio e seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília durante a visita de Al-Assad no Brasil . Após o encontro, o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, deve visitar o Brasil em agosto e que esta será “uma boa ocasião para levar adiante este diálogo”.
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Além da questão palestina, que opõe árabes e israelenses, a Síria tem uma disputa particular com Israel envolvendo as Colinas do Golã, território sírio ocupado na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e até hoje sob controle israelense.
Assad afirmou ainda que acredita que o Brasil fará um esforço no sentido
de relançar o processo de paz, hoje paralisado, e recomendou atuação
conjunta com a Turquia, como ocorreu no caso da negociação com o Irã
sobre o programa nuclear do país persa.
O presidente Sírio falou ainda sobre a possibilidade da Síria negociar
um acordo de livre comércio com o Mercosul.
Argentina
Após a passagem pelo Brasil, o presidente sírio, Bashar Al-Assad, foi a Argentina se reunir com a presidente, Cristina Kirchner, que também expressou vontade de estreitar as relações com a Síria para que a Argentina figure como “protagonista” na paz no Oriente Médio.
Para ela, “a paz no Oriente Médio é uma questão central para a segurança mundial”. “A Argentina quer ser protagonista na construção da paz” na região, afirmou após ratificar ” direito do povo palestino a constituir-se como Estado em seu território”.
Leia abaixo a entrevista com Bashar Al-Assad:
ANBA – Em seu discurso o senhor mencionou que, na reunião com o presidente Lula, falou sobre estudar a negociação de um acordo entre o Mercosul e a Síria. Qual proposta o senhor fez ao presidente Lula sobre esse assunto?
Bashar Al Assad – Nós começamos conversando somente sobre as cúpulas [América do Sul-Países Árabes], que teriam, vamos dizer, um braço. Qual é o nosso braço econômico? O de vocês é o Mercosul, essa é a organização, é preciso institucionalizar essa relação, além de falar apenas sobre política e fazer discursos. Essa é a situação, o Mercosul deveria ter uma proposta para todos os outros países – ou talvez para o mundo árabe, dependendo da visão – para ter certos tipos de acordos, como acordos de livre comércio. Ao invés de assinar um acordo com o Brasil, podemos assinar com o Mercosul, isso é melhor para mim, é melhor para o Brasil e para os outros países sul-americanos que fazem parte do bloco. Esse é a proposta que eu mencionei ontem ao presidente Lula.
ANBA – Ontem o senhor e o presidente Lula falaram muito o papel que o Brasil pode ter no processo de paz no Oriente Médio. O que mais o Brasil pode fazer para contribuir?
Bashar Al Assad – Pode ter o papel de mediador. [O Brasil] tem relações com Israel e boas relações com a Síria, tem credibilidade e nós confiamos nele, então [o governo brasileiro] pode ter esse papel de instigar o processo de paz, que agora está paralisado. É preciso preparar o ambiente para a negociação, não é possível apenas dizer: ‘Temos que começar a negociação’. Então o Brasil, talvez em cooperação com a Turquia, que é um importante ator na região – e é preciso alguém com proximidade geográfica, porque às vezes são necessários contatos diários -, ele pode criar uma estratégia, com os turcos e em cooperação com a Síria, sobre como relançar o processo de paz. Nós conversamos sobre isso ontem eu acredito que [as lideranças brasileiras] eles vão fazer um esforço nessa direção.
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