O Canadá é um dos países em que o direito dos homossexuais encontra-se em estágio mais avançado. Desde 2005, canadenses de mesmo sexo podem casar legalmente e, em algumas províncias, até adotar crianças. Mesmo assim, a comunidade gay continua se manifestando por mais qualidade de vida e contra a discriminação, especialmente no trabalho.
Sob o lema “Don’t Stop, Won’t Stop” (Não Para, Não Vai Parar) e mesmo debaixo de chuva, cerca de 1 milhão de pessoas participaram neste domingo (28) da Pride Toronto (fotos abaixo). A maior parada LGBT canadense lotou as ruas do centro da cidade e demonstrou que os gays, lésbicas, bissexuais e transexuais do país não estão completamente satisfeitos.
“Ainda temos problemas relacionados à identificação de transexuais, inclusão nos programas de saúde e encontramos algumas hostilidades nos trabalho”, afirma Tracey Sandilands, diretora-executiva da Pride Toronto.
Uma pesquisa lançada pela ONG Catalyst na semana passada aponta que os homossexuais canadenses não se sentem à vontade no ambiente profissional. O estudo mostra que 24% das lésbicas não interagem confortavelmente com o chefe, enquanto entre mulheres heterossexuais a parcela cai para 15%.
Marck Wardak, homossexual de 36 anos, confirma o problema. Ele é gerente de um restaurante na Grande Toronto e esteve na parada. Contudo, não assume a preferência sexual no trabalho por medo de ser demitido ou perder o respeito dos colegas. “Tenho que fingir que sou heterossexual”, conta. “Fico deprimido com esta situação”.
Mundo
O agente social e homossexual William Caley, 61 anos, participa da Pride Toronto há anos e reconhece que, no ambiente profissional, o Canadá ainda tem muito que avançar. Entretanto, ele afirma que o país é um exemplo a ser seguido por outras nações. “Queremos que em outros lugares no mundo reconheçam nossos direitos. É por isso que não podemos parar de nos manifestar, e não vamos parar”.
Tracey também afirma que a globalização dos direitos dos homossexuais é importante. Segundo ela, alguns países, como os Estados Unidos, regrediram nos últimos anos, e outros nem começaram sua caminhada. Mesmo assim, Tracey mantém uma postura otimista. “Em 20 ou 30 anos, acredito que a igualdade atingirá a maioria dos países”.
O Canadá foi a quarta nação a reconhecer o casamento homossexual, depois da Holanda (2001), Bélgica (2003) e Espanha (2005). De acordo com o último censo, realizado em 2006, vivem no país 90 mil pessoas casadas com companheiros de mesmo sexo. A população é estimada em cerca de 32 milhões de habitantes.
* Fotos: Paula Resende
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