O Paraguai viveu nesta quinta-feira (27/04) o último dia oficial de campanha para as eleições gerais, nas quais serão eleitos o presidente que governará o país durante os próximos cinco anos, além de 45 senadores, 80 deputados e 17 governadores.
O pleito ocorrerá no próximo domingo (30/04) e terá como principais protagonistas da disputa presidencial o governista Santiago Peña, representante do conservador Partido Colorado e apoiado pelo atual presidente Abdo Benítez; e o progressista Efraín Alegre, da aliança Concertação Nacional, que tem como principal aliado o ex-presidente Fernando Lugo.
Principal candidato opositor, Alegre realizou seu ato de encerramento na cidade de Capiatá, na zona industrial da região metropolitana de Assunção, acompanhado da candidata a vice-presidente, Soledad Núñez.
Em seu discurso, o representante da centro-esquerda assegurou que vencerá no domingo e que, em seu governo, “acabaremos com a máfia do Partido Colorado”.
Por sua parte, Peña defende uma hegemonia de mais de 70 anos do Partido Colorado: desde a posse de Juan Natalicio González, em agosto de 1948, a legenda conservadora governou o país quase ininterruptamente, entre ditaduras e governos eleitos democraticamente.
O “quase” se deve ao período em que o país foi comandado por Fernando Lugo, vencedor das eleições de 2008 e único presidente progressista da história paraguaia [e que não conseguiu terminar seu mandato, já que foi destituído por um golpe de Estado parlamentar em 2012].
A campanha colorada foi encerrada com um ato encabeçado por Peña e seu candidato a vice, Pedro Alliana, na sede da Associação de Funcionários do Instituto de Previdência Social (AFIPS), em Assunção.
Twitter / Concertação Nacional
Efraín Alegre e Soledad Núñez são os candidatos a presidente e vice do Paraguai pela aliança de centro-esquerda Concertação Nacional
Turno único
Vale lembrar que as eleições presidenciais no Paraguai têm uma particularidade: são uma das poucas no mundo que não têm segundo turno. Ou seja, a pessoa que tiver mais votos no domingo estará eleita, mesmo se sua votação final for de menos de 40%.
Nas oito eleições presidenciais realizadas desde o fim da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), apenas duas tiveram um vencedor com mais de 50% dos votos: Andrés Rodríguez Pedotti (1989), com 76,6%, e Raúl Cubas (1998), com 55,3%, ambos do Partido Colorado, o mesmo que também ostenta a menor vitória, em 2003, quando Nicanor Duarte foi eleito com apenas 37,2%.
Em 2018, Abdo Benítez precisou de 46,4% dos votos para vencer o mesmo Efraín Alegre, que na ocasião obteve 43,1%.
Pesquisas discordantes
As pesquisas de opinião no Paraguai mostram cenários muito contrastantes entre si. Algumas preveem uma vitória relativamente tranquila do governista Peña, enquanto outras indicam que Alegre possui uma pequena vantagem, dentro da margem de erro.
Uma das últimas pesquisas publicadas pela imprensa paraguaia é a da Fasac Consultoria, divulgada em 20 de abril, que mostra Peña com 43,4% contra 37,1% de Alegre. Uma vantagem de 6% que está acima da margem de erro, mas que apresenta queda [era de 9% na medição de março].
A última sondagem conhecida, no entanto, favorece levemente a candidatura da oposição. Segundo a medição difundida pelo instituto Atlas Intel na terça-feira (25/04), Alegre tem 34,3% das intenções de voto, enquanto Peña possui 32,8%. A diferença entre os dois está dentro da margem de erro que é de 2,5%.
A variação entre esses números e o resultado final do domingo pode depender, também, da migração de votos dos demais 11 candidatos para os dois favoritos.
Como as eleições do Paraguai não têm segundo turno, boa parte do eleitorado costuma mudar o voto para um dos candidatos favoritos na última hora e as próprias candidaturas de Alegre e Peña têm estimulado esse movimento nestes últimos dias de campanha.
(*) Com informações de TeleSur e Prensa Latina