O Parlamento britânico aprovou neste sábado (19/10) uma emenda que adia para a próxima semana a votação sobre o novo acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) negociado pelo primeiro-ministro Boris Johnson.
Por 322 votos a 306, os parlamentares decidiram que será preciso criar uma legislação para a implementação do Brexit. A proposta foi apresentada pelo deputado Oliver Letwin, que foi expulso do Partido Conservador no mês passado depois de votar contra Johnson.
A decisão representa uma nova derrota para o premiê britânico e frustrou seu plano de aprovar o tratado na sessão extraordinária, ocorrida pela primeira em 37 anos em um sábado.
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Ele tinha até às 23h (horário local) deste sábado para aprovar o pacto, segundo a data-limite imposta por uma lei aprovada no mês passado. Na prática, a medida prevê que, se o acordo for aprovado, ele teria que ficar “em espera” até os parlamentares debaterem a legislação à respeito do acordo. Desta forma, o político será obrigado a enviar uma carta para Bruxelas pedindo que a saída do bloco seja adiada por pelo menos 90 dias – no mínimo até 31 de janeiro de 2020. Atualmente, o Brexit está previsto para 31 de outubro.
A aprovação da emenda foi comemorada pelo líder da oposição, Jeremy Corbyn, dizendo que o premiê britânico precisa “cumprir a lei” e solicitar o adiamento do Brexit para Bruxelas. Johnson, por sua vez, demonstrou esperança de conseguir o apoio necessário para seu acordo “em números esmagadores”, principalmente porque o resultado da votação da emenda proposta por Letwin foi “bem apertado”.
O primeiro-ministro ainda garantiu se manter “destemido” com sua estratégia e prometeu introduzir a legislação necessária para implementar seu acordo no Parlamento na próxima semana.
UK Parliament/Reprodução
Primeiro-ministro ainda garantiu se manter "destemido" com sua estratégia
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a votação deve ser realizada na terça-feira (22/10). Johnson também reforçou que não pedirá um novo adiamento para Bruxelas. “Não negociarei um atraso com a União Europeia e a lei não me obriga a fazê-lo”, afirmou, dando a entender que não defenderá a prorrogação da data.
Caso a UE negue a extensão do prazo, a tendência é que o chamado “no deal”, o Brexit sem acordo, ocorra em 31 de outubro.
Protestos
Milhares de britânicos tomaram as ruas do centro de Londres neste sábado para protestar contra o processo de saída do Reino Unido do bloco europeu pedindo um segundo referendo sobre o Brexit.
Os manifestantes exigem a oportunidade de se pronunciar a respeito do novo acordo negociado pelo primeiro-ministro junto à UE para decidir se ocorrerá um Brexit sem acordo ou a permanência no bloco.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, também está entre os manifestantes. Em sua conta no Twitter, ele pediu que um novo referendo sobre o Brexit seja realizado. “Milhares de pessoas de todos os cantos do país, de todas as idades e origens, se certificando de que nossa mensagem seja ouvida alta e claramente”, escreveu.
Segundo um dos organizadores da mobilização, James McGrory, “este novo acordo não tem nenhuma semelhança com o que foi prometido para a população [em 2016] e, portanto, é justo que o público mereça outra chance de dar a sua opinião”.
Durante o protesto, milhares de pessoas agitaram bandeiras da União Europeia e carregaram cartazes exigindo a suspensão do Brexit.
*Com ANSA