O Parlamento do Reino Unido rejeitou nesta quarta-feira (04/09) uma moção movida pelo governo do primeiro-ministro conservador Boris Johnson para convocar eleições gerais antecipadas no país.
Embora 298 parlamentares tenham votado a favor da proposta, e apenas 56 tenham votado contra, a moção de Johnson não alcançou a maioria necessária para aprovação. o partido trabalhista se absteve da votação.
Em pronunciamento, o premiê criticou o líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, e disse que ele “se tornou o primeiro líder da oposição na história democrática do nosso país a recusar o convite para uma eleição”.
A moção de eleições gerais foi apresentada pelo governo após sofrer uma derrota mais cedo no Parlamento com a aprovação de uma emenda que impediu que Johnson consiga concluir um Brexit sem acordo.
Vitoriosa por 327 votos contra 299, a proposta obriga o premiê a estender o prazo para a saída do Reino Unido da UE para o dia 31 de janeiro se o Parlamento não aprovar um acordo do governo ou não aprovar a saída sem acordo.
Após o resultado, Johnson criticou a medida afirmando que ela representa um “atraso sem sentido” e voltou a dizer que o país agora precisa decidir em eleições gerais quem conduzirá o processo até o final.
Por sua vez, o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, afirmou que o premiê não tem uma estratégia para alcançar um acordo com a UE e que, se o governo quiser convocar eleições, deve primeiro cumprir a emenda aprovada nesta quarta-feira.
UK Parliament
Proposta foi apresentada pelo governo após sofrer uma derrota mais cedo no Parlamento
Maioria
A votação desta quarta-feira ocorreu um dia depois do partido conservador perder maioria no Parlamento, o que aconteceu quando o deputado Phillip Lee literalmente abandonou a bancada conservadora, atravessou a Casa e se sentou na fileira dos oposicionistas Liberais Democratas durante um discurso do premiê.
A coalizão dos tories com o direitista DUP (Partido Unionista da Irlanda do Norte) agora ficou com 319 assentos no Parlamento, contra 320 ocupados pelas legendas de oposição.
Johnson condenou a saída de Lee e disse que ela faz parte de um plano para os oposicionistas aprovarem a proposta que busca evitar uma saída da UE sem acordo, chamado pelo conservador de “a emenda da rendição”.
Suspensão do Parlamento
Na última terça-feira (28/08), Johnson teve seu pedido de suspender o Parlamento até 14 de outubro acatado pela rainha Elizabeth II.
A decisão gerou uma série de protestos em diversas cidades do país no último final de semana. Aos gritos de “parem o golpe” e “salvem a democracia”, os britânicos encararam a decisão como uma forma do premiê dificultar as atividades dos parlamentares que se opõem ao Brexit sem acordo.