A Assembleia Nacional do Equador aprovou, nesta terça-feira (21/06), a convocação de uma mesa de diálogo entre o governo de Guillermo Lasso, grupos indígenas mobilizados e setores sociais que participam de uma greve geral no país.
O texto, aprovado com 81 dos 137 votos, exige uma proposta “séria, clara e honesta”. O parlamento convidou para o diálogo representantes da Conferência Episcopal do Equador, do Sistema das Nações Unidas, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, de universidades públicas e privadas do Equador, representantes das câmaras de comércio e produção e outras entidades.
A legislatura se reuniu para avaliar um decreto do governo federal, emitido em 17 de junho, que estabeleceu o estado de emergência em três províncias equatorianas, sendo elas Pichincha, Imbabura e Cotopaxi, em resposta aos protestos contra o alto custo de vida e a insegurança.
Pouco antes da sessão, o presidente decidiu revogar a regulamentação por meio de um novo decreto de estado de emergência no qual incorporou outras três regiões, Tungurahua, Chimborazo e Pastaza.
O plenário ouviu a intervenção de 19 legisladores de diferentes tendências políticas, que questionaram a decisão do executivo de contrariar o protesto social com um decreto que criminaliza as manifestações e provoca a radicalização das mobilizações do setor indígena, assim como de outras organizações e coletivos.
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Plenário escutou 19 legisladores de diferentes tendências políticas, que questionaram decisões do governo de Lasso
Uma greve nacional foi convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) a partir de segunda-feira, 13 de junho, contando com a participação de grupos de camponeses, trabalhadores, estudantes e mulheres.
Comícios, atos e fechamentos de estradas são as principais ações dos manifestantes na maioria das 24 províncias do país andino. Nesta terça-feira (21/06), inclusive, a greve completa nove dias com milhares de pessoas marchando até Quito.
A marcha tem como objetivo pressionar Lasso e protestar por direitos como mais orçamento para saúde e educação e criação de políticas públicas para combater a violência.
Ainda nesta terça, a CONAIE também reiterou a intenção de manter as manifestações até que suas reivindicações sejam ouvidas, e denunciou a repressão policial que vem ocorrendo nas manifestações. Nas últimas 24 horas, houve um morto e três pessoas gravemente feridas na paróquia de Guayllabamba, no norte de Quito.
Também foi relatado pela Aliança das Organizações de Direitos Humanos que, em mais de uma semana de manifestações, 79 civis foram presos e 55 ficaram feridos.
(*) Com Telesur e Prensa Latina