O resultado das eleições legislativas e municipais de El Salvador indica um grande revés para o presidente Mauricio Funes e seu partido, a FMLN (Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional). A Arena (Aliança Republicana Nacionalista), legenda de direita que governou o país de 1989 a 2009, conquistou a maioria das cadeiras no Congresso e ainda conseguiu eleger Norman Quijano como prefeito de San Salvador.
Com poucos mais de 70% das urnas apuradas, o FMLN obteve 31 cadeiras no Congresso, enquanto a Arena tem 33. Para garantir ao menos a maioria mínima no Legislativo, o partido terá que se aproximar da GANA (Grande Aliança pela Unidade Nacional), que obteve 11 cadeiras na votação.
Efe
Líder da Arena, Alfredo Cristiani, discursa após seu partido vencer as eleições legislativas em El Salvador
As demais legendas não obtiveram mais do que um deputado cada uma, com exceção da CN (Concertação Nacional), que elegeu seis representantes, mas ainda não indicou quem irá apoiar. Apesar disso, a força do CN não é suficiente para determinar o partido que terá maioria no Congresso do país.
Para André Martin, professor da USP (Universidade de São Paulo) especialista em América Latina, a FMLN precisa ter a maioria no Legislativo do país, caso contrário, não conseguirá governar nos dois anos que ainda restam de mandato para Mauricio Funes.
“Este cenário, em que as forças populares estão mais identificadas com a presidência da República e as forças oligárquicas controlam o Congresso, é um péssimo sinal para a democracia”, afirmou, em entrevista a Opera Mundi.
“O mais natural seria o inverso. A perspectiva de democratização é retirar o poder do Executivo e derramá-lo na sociedade através do Legislativo. No entanto, se acontece justamente o contrário, o presidente não conseguirá governar”, completou Martin.
A derrota da FMLN surpreendeu o partido, que em 2009 havia elegido 35 deputados contra 32 da Arena. O partido de direita, no entanto, ficou ainda mais em desvantagem quando 13 dos seus deputados deixaram a Arena para fundar em janeiro de 2010 o GANA, que se considera de centro direita.
Apesar da formação e da ideologia, há uma pequena chance de que a GANA declare seu apoio à FMLN, justamente por ter se desligado da Arena recentemente. Nos últimos dois anos, os deputados filiados a GANA posicionaram-se a favor do governo no Congresso em questões como a reforma tributária e uma lei na área de saúde.
Vitória em San Salvador
Outra vitória da Arena nesta disputa foi a eleição de Norman Quijano como prefeito de San Salvador. Na sede do partido, mesmo antes da divulgação oficial das eleições, já havia festa por conta do desempenho da legenda. Com mais de 97% das urnas apuradas, Quijano tinha 63% dos votos frente a 33% de Jorge Shafick, da FMLN.
Além disso, a FMLN perdeu para seu principal opositor as prefeituras de Soyapango, Apopa, Mejicanos, Ilopango e San Martín.
A FMLN, no entanto, ainda não reconhece a vitória da Arena nas eleições legislativas e prefere aguardar o resultado oficial para intensificar o diálogo político com a GANA. Nestas eleições, foram escolhidos 84 deputados e 262 prefeitos, cujos mandatos irão durar até 2015. Diferentemente das eleições anteriores, os salvadores puderam votar nominalmente e não apenas nas legendas.
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