O México viveu neste domingo (04/06) as eleições para governador do seu estado mais populoso, o Estado do México [que inclui as regiões em volta do Distrito Federal mexicano, onde está a capital Cidade de México], e os resultado mostraram o que os analistas locais chamaram de “surpresa previsível”, com a vitória de Delfina Gómez, candidata do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), o mesmo partido do presidente Andrés Manuel López Obrador.
O resultado é “previsível” porque a governadora eleita aparecia como favorita na maioria das pesquisas de opinião publicadas às vésperas do pleito. Porém, não deixa de ser surpreendente, se tratando de uma vitória em um Estado onde o Partido Revolucionário Institucional (PRI) mantinha uma hegemonia de 94 anos.
Somente nesta segunda-feira (05/06), quando já havia 88,1% dos votos apurados, o Instituto Nacional Eleitoral do México (INE) considerou Delfina Gómez matematicamente eleita, com 52,6% das preferências, superando a representante do PRI, Alejandra del Moral, que obteve 44,3%.
A vitória do Morena no estado de maior população do México é mais relevante se considerado o momento em que ela ocorre, já que falta apenas um ano para as eleições presidenciais no país, marcadas para o dia 2 de junho de 2024, na qual se decidirá o sucessor de López Obrador [que não poderá concorrer à reeleição].
Ademais, a derrota do PRI em um estado onde mantinha um domínio histórico enfraquece a principal legenda opositora ao atual governo.
Movimento de Regeneração Nacional do México
Delfina Gómez foi eleita governadora no Estado do México, graças ao apoio do presidente do país, Andrés Manuel López Obrador à sua candidatu
O PRI é um partido mexicano que guarda semelhanças com o Movimento Democrático Brasileiro (MDB): surgiu como um conglomerado defensor de ideias alinhadas com a social democracia, mas que, com o tempo, foi se tornando mais “institucional” que “revolucionário”, sendo empurrado ideologicamente a posições mais conservadoras em termos de direitos civis, e neoliberais em temas econômicos.
Também se assemelha ao MDB por, apesar dessa transformação, ou talvez graças a ela, manter um domínio político histórico em muitas regiões mexicanas.
O Estado do México era, justamente, o principal bastião do partido: a partir da eleição de Filiberto Gómez, em 1929, o PRI nunca deixou o poder no estado. Desde então, e até o atual governador, Alfredo del Mazo, um total de 22 membros do PRI passaram pelo cargo, em quase um século inteiro.
A hegemonia iniciada por um Gómez há 94 anos termina com a eleição da primeira mulher que governará o Estado do México e que tem o mesmo sobrenome: Delfina Gómez [que não possui parentesco direto com o antigo governador Filiberto] é uma senadora que faz parte do setor mais próximo ao presidente López Obrador.
Seu nome também era especulado na corrida interna do Morena para escolher o candidato governista nas presidenciais de 2024, até que ela preferiu concorrer ao governo estadual.
Porém, como sua vitória fortalece o Morena para a eleição presidencial, a disputa pela vaga de candidato oficial do partido tende a se tornar mais acirrada. Os nomes favoritos, segundo as pesquisas, são o de Claudia Sheinbaum, atual prefeita da Cidade do México, e o de Marcelo Ebrard, atual chanceler do México, e que também já foi prefeito da capital mexicana.
(*) Com informações de La Jornada e TeleSur