Pela 29ª vez na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), 184 países condenaram o bloqueio dos EUA a Cuba nesta quarta-feira (23/06). “É uma grande vitória da justiça e da verdade para o povo cubano”, declarou o Ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez.
Depois de um ano de pausa devido à pandemia, a ilha socialista voltou a levar às Nações Unidas a denúncia do embargo, que desde 1992 é aprovado com amplo apoio da comunidade internacional. Desta vez, dois países votaram contra (Estados Unidos e Israel) e três se abstiveram (Colômbia, Ucrânia e Emirados Árabes Unidos). O Brasil não votou, nem se absteve.
A resolução é proposta anualmente pelo governo cubano, que denuncia o prejuízo de US$ 147,8 bilhões desde o início do bloqueio, em 1962.
Durante a gestão de Donald Trump, o embargo recrudesceu com a aplicação de 243 medidas coercitivas unilaterais, afetando diretamente o envio de remessas dos EUA à ilha caribenha e o acesso a combustível.
Em 2020, durante a pandemia, o país registrou perdas de US$ 3,5 bilhões por conta do bloqueio, que dificulta o acesso a insumos médicos.
Em sua fala durante sessão na assembleia, Rodríguez destacou o caráter extraterritorial da medida, que penaliza outros países que queiram comercializar com a ilha.
“A violência econômica se tornou a arma preferida dos Estados Unidos para expandir sua guerra perpétua. Os EUA são uma ameaça para a segurança da humanidade, já que está comprovado que a agressão econômica tem um impacto comparável a uma guerra convencional”, afirmou o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada.
ONU/Reprodução
Colômbia, Ucrânia e Emirados Árabes Unidos se abstiveram na votação da ONU, enquanto Israel e EUA votaram contra fim do bloqueio
Posição do Brasil
Por 26 anos, até 2018, o Brasil sempre votou pela condenação do bloqueio norte-americano contra Cuba. Foi em 2019, no primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro como presidente, que o país quebrou a tradição e se juntou aos EUA e a Israel. Naquele ano, Colômbia e Ucrânia se abstiveram.
Em 2018, foram 189 votos a favor, dois de EUA e Israel contra, e não houve abstenções. A Ucrânia e Moldávia não votaram, nem se abstiveram. Em 2017, 191 dos 193 estados-membros votaram pelo fim do bloqueio.
Em 2016, último ano do governo do democrata Barack Obama, os Estados Unidos, que estavam em rota de reaproximação com Havana, se abstiveram pela primeira vez na história e não houve votos contra a resolução.
Mesmo com os impactos negativos do bloqueio, Cuba desenvolve seis fórmulas próprias contra a covid-19: a Soberana 02, com 62% de eficácia comprovada, e a Abdala com 92% de eficácia após aplicação de três doses.
Durante a pandemia, o governo cubano enviou missões médicas a 39 países para ajudar na contenção da crise sanitária. Até o momento, a ilha acumula 172 mil infectados e 1.193 falecidos pela doença, segundo o Ministério de Saúde Pública.
(*) Com Brasil de Fato.