Como resultado de décadas de intensos fluxos imigratórios, pela primeira vez na história dos EUA, mais da metade das crianças nascidas no país são filhas de indivíduos pertencentes a minorias étnicas e raciais.
Divulgado nesta quinta-feira (17/05) pelo Departamento de Recenseamento norte-americano, esse novo dado faz parte do censo demográfico de 2011, que revela drásticas alterações no perfil racial e nas dinâmicas demográficas dos EUA, em um cenário de lenta recuperação da crise econômica iniciada em 2008.
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Os números estimam que o contingente populacional das minorias continuará a crescer pelos próximos anos. Hoje, essa parcela é composta por 114,1 milhões de pessoas, o equivalente a 36,6% do total de norte-americanos. Trata-se de um crescimento de 1,9% com relação aos dados apurados pelo recenseamento anterior, conduzido em 2010.
Em entrevista à agência Associated Press e ao portal Huffington Post, Roderick Harrison, ex-diretor da divisão de estatísticas raciais do Departamento de Recenseamento, diz que “esse é um importante marco, pois a geração mais nova está crescendo muito mais acostumada com a diversidade do que as mais antigas”.
Ainda assim, o sociólogo ressalva que os EUA “permanecem em um período perigoso, no qual aqueles que defendem ações anti-imigração estão fomentando uma divisão e uma hostilidade que levará décadas para ser superada”. O relatório surge às vésperas de a Suprema Corte norte-americana julgar a constitucionalidade das rígidas leis de imigração aprovadas pelo poder legislativo do Estado de Arizona.
Em 2010, acreditava-se que por volta do ano 2040 os EUA passariam por uma grande guinada demográfica, o que faria com que os brancos não-hispânicos se tornassem a minoria étnico-racial do país. Contudo, novas projeções serão apresentadas no próximo mês de dezembro e especialistas já falam em uma inversão bem mais rápida do que a anteriormente prevista.
Isso não significa, contudo, que o crescimento desses grupos esteja ocorrendo de forma intensa. Na comparação com dados do ano 2000, as taxas de crescimento de hispânicos e asiáticos despencou para a marca de 2%, quase a metade dos números registrados há doze anos e os menores em uma década. Com a população negra, o fenômeno não é diferente. A expansão do grupo permaneceu estagnada em 1%.
Mas Mark Mather, vice-presidente do PRB, organização norte-americana de estudos populacionais, não vê esses números de forma conclusiva. Para ele, “a população latina ainda é muito jovem, o que significa que ainda continuará a ter vários filhos em comparação com restante da população”. Ainda que “haja uma queda nas taxas de natalidade entre as latinas e menores volumes migratórios, se essas tendências permanecerem, trarão grandes mudanças pela frente”.