O Ministério das Relações Exteriores do Peru anunciou nesta segunda-feira (09/08) ter uma posição favorável ao processo de ‘diálogo necessário’ entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana.
Tal posicionamento do governo de Pedro Castillo acontece após um comunicado do chanceler peruano Héctor Béjar considerar que a conversa pode “servir” para criar “condições que acabem com as sanções econômicas” contra a Venezuela.
“Estamos a favor de toda ação dirigida para contribuir ao diálogo necessário entre o governo da Venezuela e a oposição, com a finalidade de que se possa chegar a um acordo para a convocação de eleições livres, justas e democráticas. Pensamos que esse diálogo também deve servir para criar as condições do fim das sanções econômicas que somente afetam as condições de vida do povo venezuelano”, disse Béjar.
Segundo o ministro das Relações Exteriores do Peru, o país irá contribuir para que “todas as iniciativas internacionais” ocorram no âmbito do Grupo de Contato, organização promovida pela União Europeia com países latino-americanos para uma “saída pacífica” venezuelana, que, hoje, segundo Béjar, “se apresenta como uma alternativa mais eficaz” em relação à Venezuela.
Béjar também considerou ser uma “boa notícia” a reativação do processo de diálogo entre o governo venezuelano e a oposição com a mediação norueguesa na Cidade do México. “O Peru respalda plena e totalmente esta iniciativa que convoca o apoio da comunidade internacional”, diz o comunicado.
Grupo de Lima
A declaração da chancelaria levanta suspeitas sobre uma possível saída do Peru do Grupo Lima, organização criada em 2017 para promover ações contra o governo venezuelano na Organização do Estados Americanos (OEA).
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Processo de diálogo entre o governo venezuelano e oposição tem mediação norueguesa na Cidade do México
Em falas recentes, Béjar afirmou que a Ministério peruano fará uma “política conjunta e multilateral”, declarando que o governo de Castillo se soma às nações que exigem o fim do bloqueio contra o povo venezuelano e cubano.
Sobre o Grupo de Lima, o chanceler disse que os “sócios” da entidade “mudaram sua política”. “Conversaremos com os membros sobre seus pontos de vista”, afirmou.
No dia 30 de julho, Béjar se reuniu com seu homólogo venezuelano, Jorge Arreaza, para discutir relações bilaterais e políticas sobre migração. De acordo com a Agência de Refugiados da ONU (Acnur), o Peru abriga cerca de 1,2 milhão de venezuelanos.
“Meu dever como chanceler é melhorar as relações com a Venezuela, assim como com todos os países da região e do mundo”, declarou o ministro após o encontro.
Por sua vez, o secretário-geral do partido Peru Livre, mesmo do presidente Castillo, Vladimir Cerrón, disse que o país “não será mais parte” do Grupo de Lima, declarando que a organização, na realidade, seria o “Grupo de Washington”.
“Um grupo que expressa o neocolonialismo contemporâneo. A América Latina deve ser livre e soberana”, afirmou Cerrón em seu Twitter oficial.
Caso se confirme a saída do Grupo de Lima, o Peru se junta aos governos da Argentina, Bolívia e México que também se desligaram da entidade. A organização pode correr o risco de ser extinta, já que conta com oito membros e perderia sua sede simbólica, a capital peruana Lima.
(*) Com Brasil de Fato.