Um dia após ser empossado no Peru, Pedro Castillo nomeou na noite desta quinta-feira (29/07) o deputado socialista Guido Bellido como presidente do Conselho de Ministros de seu governo, cargo que se assemelha à função de primeiro-ministro no país. 

A nomeação aconteceu na província andina de Ayacucho, no Sul do país, onde Castillo participou de um segundo juramento simbólico na Pampa de la Quinua, lugar que, após uma batalha no começo do século 19, selou a independência peruana da Espanha

Bellido, 41 anos, é do partido Peru Livre, o mesmo do presidente peruano, e foi eleito deputado por Cusco em abril, pleito que coincidiu com o primeiro turno presidencial. No país, parlamentares tem autorização para ocuparem cargos no governo de forma simultânea.

De origem camponesa e engenheiro eletrônico de formação, Bellido é secretário-geral do partido na cidade de Cusco. A nomeação do deputado ainda precisa ser aprovada pelo Congresso do Peru.

Pelo Twiter, Castillo disse que o novo gabinete “pertence ao povo” e que o compromisso de seu governo será “dedicar” aos peruanos um país “justo, livre e digno”. “Nosso gabinete pertence ao povo, é devido ao povo e vai para eles. Nosso compromisso é com o Peru e não tem outro interesse senão dedicar todos e cada um de nossos esforços à construção de um país mais justo, livre e digno. Não decepcionaremos sua confiança”, afirmou.

Além de Bellido, Castillo também nomeou o novo ministro das Relações Exteriores do Peru. O advogado Héctor Béjar, 85 anos, assume a pasta. Doutor em sociologia, o novo chanceler é conhecido por ter fundado o Exército de Libertação Nacional, em 1962, grupo insurgente inspirado na Revolução Cubana.

O cargo de ministro do Interior será ocupado por Juan Carrasco, promotor anticorrupção da província de Lambayeque, enquanto a pasta da Saúde ficará nas mãos do médico e ex-deputado Hernando Cevallos. O professor Juan Cadillo foi nomeado chefe da Educação.

Ainda é esperada as nomeações dos ministros da Economia e da Justiça. A vice-presidente peruana, Dina Boluarte, assumiu como ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social.

Castillo tomou posse nesta quarta-feira (28/07) para cumprir um mandato até 2026. Ele ganhou as eleições em segundo turno no começo de junho contra Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto. A proclamação oficial do resultado, no entanto, só se deu na semana passada, pois Keiko contestou os resultados acusando fraudes no processo, sem apresentar provas.

‘Um governo do povo, com o povo e para o povo’

Castillo tomou posse no começo da tarde desta quarta no Congresso do país, em Lima. Em seu discurso, disse que, com sua chegada ao cargo, haverá, “um governo do povo, com o povo e para o povo”.

“Desta vez, um governo do povo chegou para governar com o povo e para o povo, para construir desde baixo. É a primeira vez em que o país será governado por um camponês, que pertence aos setores oprimidos por tantos séculos”, disse.

Durante seu discurso, o novo presidente afirmou que quer uma constituinte “plurinacional, popular e com paridade de gênero”. Ele anunciou que irá apresentar um projeto de lei para dar início ao processo.

A atual Carta Magna data de 1993, quando o país era governado pelo ditador Alberto Fujimori.

“A assembleia constituinte do bicentenário deve ser plurinacional, popular e com paridade de gênero. Sua composição deve incluir candidatos propostos por organizações políticas inscritas com cotas para povos nativos e originários, do povo afroperuano e de candidaturas independentes de grêmios sindicais e populares”, disse Castillo.

(*) Com Telesur.