A presidente do Peru, Dina Boluarte, assinou nesta segunda-feira (26/12) um decreto de destituição de 312 autoridades regionais do país, alegando que estas estavam “estimulando as manifestações populares em diferentes níveis”.
Segundo a imprensa local, todos os demitidos são subprefeitos distritais, ou seja, representantes do governo nacional em diferentes distritos.
No Peru, os distritos são subdivisões dos “departamentos”, que são como os estados no Brasil. Os 312 subprefeitos destituídos representavam distritos que estão espalhados por 23 dos 25 departamentos do país. Entre os departamentos que mais perderam suas autoridades estão Ayacucho (46), San Martín (34), Junín (33), Puno (31) e Cajamarca (19).
Além disso, destaca-se o fato de que todas as autoridades que perderam seus cargos foram nomeadas pelo ex-presidente Pedro Castillo, e ainda estariam vinculadas politicamente a ele, segundo os meios peruanos.
Ministério do Interior do Peru
Edifício sede do Ministério do Interior do Peru
O comunicado do Ministério do Interior do Peru expressa que a decisão de Boluarte tem como base “o fato de que estes funcionários, em vez de responder às diretrizes estabelecidas sobre as funções do Subprefeito do Distrito, em vez de representar e a defesa do Estado, como aponta a lei, teve diferentes graus de participação nas manifestações populares”.
O texto também afirma que “após receber informações de inteligência sobre a atuação desses subprefeitos distritais nomeados pelo ex-presidente Castillo, como organizadores, instigadores ou participantes dos violentos protestos, foi avaliada a situação de esses funcionários e seus serviços foram dispensados”.
As “manifestações populares” mencionadas no comunicado são os protestos quase diários que o Peru vem presenciando desde o dia 10 de dezembro, após a destituição de Castillo e a posse de Boluarte como nova presidente. Esses atos não defendem o retorno do ex-presidente ao poder, mas sim a realização de novas eleições no país, já que seus organizadores consideram o governo da nova mandatária como ilegítimo.
Vale destacar também que essas manifestações vêm enfrentando uma fortíssima repressão por parte das forças de segurança – polícias e forças armadas –, a qual já produziu 28 mortes e mais de 300 feridos graves, segundo números da Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH).