A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu ao Congresso nesta sexta-feira (27/01) que aprove a antecipação das eleições gerais no país para dezembro de 2023, como forma de contornar a crise política que se iniciou em dezembro, após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo.
Em cerimônia realizada no Aeroporto Militar de Lima, Boluarte instou o Legislativo a modificar o projeto que tramita atualmente, que antecipa as eleições em apenas dois anos – ou seja, o próximo pleito que deveria acontecer em abril de 2026 seria reprogramado para abril de 2024.
Segundo a presidente, as manifestações que vêm ocorrendo com frequência no país desde dezembro indicam que a população está exigindo a realização das próximas eleições ainda no ano de 2023.
“Colocamos este projeto de lei à consideração dos ministros para antecipar as eleições para dezembro de 2023 (…) o projeto que tramita atualmente no Congresso fala em eleições em 2024, mas essa proposta, apresentada no ano passado não pacificou as ruas, que continuaram violentas e radicalizadas”, comentou a mandatária.
Boluarte instou os líderes dos partidos Força Popular [direita fujimorista] e Aliança para o Progresso [ultra liberal] a “honrar o compromisso que já haviam expressado, de apoiar essa proposta [de um adiantamento das eleições para 2023], pois não há condições de fazer o país voltar à normalidade de outra forma”.
Presidência Peru
Presidente peruana Dina Boluarte cede à pressão das ruas e insta Congresso a aceitar adiantamento das eleições para dezembro de 2023
A presidente também questionou os partidos de esquerda por condicionar o apoio à proposta de adiantamento das eleições à realização, no mesmo dia do pleito, de um referendo sobre a convocação de uma assembleia constituinte no país – a atual carta magna peruana foi imposta em 1993 pelo então ditador Alberto Fujimori.
“Que as eleições sejam antecipadas para a data e hora que o Congresso determinar. Imediatamente, nós do Executivo estaremos convocando essas eleições. Ninguém tem interesse em se agarrar ao poder (…) eu não tenho interesse em permanecer na Presidência, se estou aqui é porque assumi minha responsabilidade constitucional e estaremos aqui até que o Congresso diga quando serão as próximas eleições”, queixou-se a mandatária.
Desde o início da crise, no início de dezembro, o Peru vem registrando manifestações quase diárias em todo o seu território, não somente na capital Lima.
Os atos têm sido marcados, ademais, por uma postura extremamente repressora por parte da Polícia Nacional, o que já resultou na morte de 56 civis, segundo a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH). Também houve a morte de um policial por reação dos manifestantes.