A crise política e social no Peru continua produzindo uma série de manifestações no país, que foram registradas nos últimos três dias, nas principais cidades do país.
A primeira delas ocorreu na sexta-feira (28/07), como parte dos atos preparados pelos movimentos sociais pelo Dia da Independência, que foi marcado por atos de violência promovidos pela Polícia Nacional do Peru (PNP)contra grupos mobilizados.
No sábado (29/07) e no domingo (30/07) também ocorreram protestos, que novamente foram atacados violentamente pela polícia, especialmente contra atos dos movimentos indígenas. Também se registraram agressões contra jornalistas que faziam a cobertura desses eventos.
Em um comunicado publicado na noite de domingo pela Associação Nacional dos Jornalistas do Peru (ANP, por sua sigla em espanhol), foram registrados ao menos 12 casos de jornalistas feridos durante ações policiais durante o fim de semana, dos quais cinco necessitaram hospitalização.
Fotógrafos e cinegrafistas
A entidade também informou que houve detenções arbitrárias realizadas pela polícia peruana, especialmente de fotógrafos e cinegrafistas – o comunicado não precisou um número exato de casos nesse sentido, mas relatou que muitos profissionais foram soltos horas depois alegando que tiveram seus equipamentos confiscados ou tiveram suas memórias apagadas.
O caso mais destacado de prisão arbitrária, segundo o comunicado, teria sido o do documentarista Kente Aguirre, cujo advogado alega que sua detenção durou mais de 24 horas e que ele teria sido vítima de tortura durante esse período.
Associação Nacional de Jornalistas do Peru
Jornalista peruano é socorrido por colegas e por manifestante após ser ferido por ação da polícia
Ainda segundo a ANP, os casos registrados neste fim de semana elevam a 94 os ataques a profissionais de imprensa desde o início do governo da presidente Dina Boluarte, em dezembro de 2022.
Gás lacrimogêneo contra mulheres indígenas
Além dos jornalistas, as organizações de povos indígenas foram outro alvo preferencial da ação da polícia peruana neste fim de semana, especialmente durante as marchas realizadas em Lima, capital do país.
Segundo o diário La República, no sábado (29/07), a PNP produziu uma novem de gases em volta de um grupo de mulheres indígenas que protestavam nos arredores da Praça San Martín.
O caso mais chamativo teria sido o de uma mulher aimara, vítima de um policial que colocou uma bomba de gás lacrimogêneo dentro da sua lliklla – indumentária típica das mulheres de povos andinos, que consiste em um tecido colorido retangular que pode servir como manta, como bolsa ou como suporte para carregar um bebê ou uma criança pequena.
A bomba explodiu dentro da lliklla, causando graves feridas na vítima.
Com informações de La República, ANP, Wayka e TeleSur.