O Peru viveu nesta quarta-feira (11/01) mais uma noite de manifestações exigindo a antecipação das eleições no país, e que foram marcadas novamente por uma forte ação repressiva da Polícia Nacional, que produziu uma morte e 20 casos de pessoas feridas.
Desta vez, os protestos aconteceram na cidade de Cusco, uma das cidades mais importantes do país devido ao seu potencial turístico [se situa na região que era a capital a antiga civilização Inca].
A vítima fatal dos protestos já foi identificada, e é ligada a esse passado inca da região: se trata do ativista Remo Candia Guevara, que era presidente da comunidade indígena camponesa Anansaya Urinsaya Ccollana.
A organização emitiu um comunicado após a oficialização do seu falecimento, no qual expressa que “exigimos uma investigação imediata para apurar os responsáveis pela morte e proceder à respetiva sanção”.
Twitter / Wayka Peru
Manifestantes peruanos culpam presidente Dina Boluarte pelas mortes provocadas pela repressão policial no país
Segundo a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH), com a morte de Guevara já são 47 as vítimas fatais registradas desde o início dos protestos, em 10 de dezembro de 2022. Entre elas há 46 mortes de civis e uma policial. Também foram contabilizados 463 casos de pessoas feridas.
A Defensoria Pública do Peru também emitiu um comunicado, afirmando que solicitará ao Ministério Público “uma investigação imediata para apontar os responsáveis pela morte [de Remo Candia Guevara]”.
A entidade recordou também que seus funcionários “estão atuando em todas as regiões do país onde há mobilizações”, e que estão disponíveis para atender aqueles que queiram apresentar novas denúncias.
Vale lembrar que no mesmo dia em que se realizou a manifestação em Cusco, a Justiça peruana iniciou uma investigação contra a presidente Dina Boluarte e três dos seus ministros, acusados de possível crime de “genocídio”. O processo pretende apurar se houve responsabilidade do governo e da presidenta nas 47 mortes registradas durante os protestos.