O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT), João Antônio de Moraes, criticou a decisão do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Martins de classificar a greve dos petroleiros como “ilegal”, em despacho publicado na noite desta segunda-feira (17/02).
Para o petroleiro, a decisão do ministro é “intempestiva” e “abusiva”. Martin ainda garantiu que a categoria se mantém em greve.
“Os petroleiros têm cumprido todos os ritos. A nossa greve é legal e constitucional. Gandra se comporta como mero representante do capital, do patronato, atendendo totalmente os absurdos solicitados pela direção da Petrobras”, disse Moraes.
FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI
A greve dos petroleiros chega ao 18º dia contra demissões em massa na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e pelo cumprimento do acordo coletivo de trabalho (ACT).
A orientação do comando de greve é que os petroleiros mantenham a greve e sigam as recomendações dos sindicatos em relação às tentativas de intimidação e assédio dos gestores da direção da Petrobras. “A greve é um direito garantido a todos os brasileiros pela Constituição de 1988, dentre eles os petroleiros”, diz nota distribuída pela FUP.
Os petroleiros também realizam na tarde desta terça-feira (18/02) uma manifestação na sede da empresa, no Rio de Janeiro, onde está instalada uma comissão permanente que ocupa uma das salas da empresa, demonstrando a intenção da categoria em negociar.
FUP
‘Gandra se comporta como mero representante do capital’, responde sindicato
Caminhoneiros
Segundo Moraes, a greve também tem servido para conscientizar outras categorias contra o equívoco que é a política de preços dos combustíveis que acompanha a variação do mercado internacional.
“Os caminhoneiros já perceberam que reduzir os impostos, como propõe Bolsonaro, é um engodo. Tem que acabar com a paridade internacional. Pela primeira vez eles estão discutindo esse absurdo estabelecido por Temer e mantido por Bolsonaro. O desespero do governo reflete a organização da greve e o quanto já é vitoriosa, na medida em que desperta a sociedade”, disse o diretor da FUP.
O presidente do Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Settaport), Francisco José Nogueira da Silva, o Chicão, comentou os “momentos de tensão” vividos pelos motoristas nesta segunda no Porto de Santos.
Segundo ele, não havia bloqueio, mas atividades de conscientização entre os caminhoneiros, que desenvolvem ações ao longo da semana pela aplicação da tabela do frete.
Sobre os petroleiros, Chicão classificou como “companheiros guerreiros” que estão em luta em favor da Petrobras e contra a política de preços dos combustíveis. “Eles estão em defesa do patrimônio nacional, do gás e do petróleo. Sabemos que se não for dessa forma, vai ficar cada vez mais difícil para a população. Estamos (na Baixada Santista) com a Transpetro aqui do lado, com o gás a R$ 90. Está muito caro, imagina se privatizar.”
Ele também comentou que “a ficha começa a cair” para parte dos caminhoneiros que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro. “Alguns ainda acreditam, outros estão mais ressabiados. Até porque o plano do governo é investir em ferrovias. Levaram outro golpe, no sentido de apoiar um presidente que não tem compromisso com a classe trabalhadora”.
*Com Fórum e Rede Brasil Atual