O governo mexicano divulgará amanhã (20) o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre de 2009. O ritmo de recessão deve continuar forte, conforme previsões de analistas. Segundo o grupo financeiro Banamex, o PIB deve contrair de 10,5% a 11%. O banco espanhol Santander é mais pessimista e prevê 12%. A economia do México já acumula três semestres consecutivos de retrocesso.
“O colapso do PIB anual se deve principalmente à forte deterioração nos setores industrial e de serviços. Para o setor primário, esperamos um declínio anual moderado”, diz a análise da Banamex. A economia mexicana também foi bastante afetada pela epidemia de gripe A (H1N1), que comprometeu severamente o setor de turismo.
Segundo o presidente da Canacintra, a Câmara Nacional da Indústria de Transformação, Miguel Marón Manzur, o “México terá de comercializar produtos estrangeiros se as indústrias não se adaptarem às condições econômicas atuais”. Ele acredita que se deve reforçar, em primeiro lugar, o setor mais importante da economia: a indústria de manufatura. “É o elemento decisivo para retomar o crescimento e a competitividade do país”, afirmou ao Opera Mundi.
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Manzur defende também que, a longo prazo, a indústria de manufatura seja vinculada ao resto da economia, por meio de insumos intermediários, além de incentivar a inovação tecnológica e o desenvolvimento da produtividade do trabalho. Insumos intermediários são bens e serviços consumidos no processo produtivo, como matérias-primas, combustíveis, serviços profissionais etc.
Emprego
Os dados também refletem uma crise na geração de empregos no país. Segundo Alejandro Diaz Bautista, pesquisador do El Colégio de la Frontera Norte, instituto de investigação científica, “o México está enfrentando os momentos mais difíceis de crise em 2009 e a análise do panorama econômico nos mostra que neste segundo trimestre estamos tocando o fundo do poço”.
De acordo com Bautista, os números apontam que em apenas três meses, 400 mil pessoas perderam o emprego. Em seis meses, outro meio milhão de trabalhadores aderiu à economia informal e quase dois milhões de mexicanos recorreram ao subemprego.
Desigualdade
Também aumentou a desigualdade entre ricos e pobres. Dados da Enigh (Pesquisa Nacional de Renda e Despesas das Famílias), de 2008, mostram que os lares mais pobres tiveram maior queda no rendimento médio entre 2006 e 2008: 8%. Isso indica que a renda média de uma família pobre em 2008 se fixou em 2.039 pesos (cerca de 293 reais). Por outro lado, a renda das famílias mais ricas não diminuiu tanto: passou de 133.078 pesos (19.133 reais), em 2006, para 133.048 pesos (19.129 reais), em 2008, redução de apenas 0,02%.
No entanto, mesmo diante dos dados, o presidente mexicano, Felipe Calderón segue com otimismo e afirma que o plano proposto pelo governo à Câmara de Deputados não só evitará uma recessão no país como também gerará crescimento. “Um crescimento menor, mais lento, mas crescimento econômico e com geração de empregos”.
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