Depois de o ex-presidente da África do Sul, Jacob Zuma (2011-2018) ter sido condenado a 15 meses de prisão por não comparecer para depor em um inquérito que investigava corrupção, e se entregado à polícia em 8 de julho, um cenário de violência e saques tomou conta do país.
É o pior nível de violência da região desde o fim do apartheid, disse o atual mandatário, Cyril Ramaphosa. Ao menos 45 pessoas foram mortas e mais de mil foram presas.
Nesta terça-feira (13/07), manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança e saquearam lojas em KwaZulu-Natal e em Gauteng, província de Joanesburgo, e dezenas de pessoas levaram alimentos, eletrodomésticos, bebidas e roupas de centros comerciais em meio aos ‘tumultos caóticos’, segundo afirmou o premiê de ZwaZulu-Natal, Sihle Zikalala, em entrevista coletiva à imprensa.
A insatisfação popular, desencadeada pela prisão de Zuma, evoluiu para uma onda de violência com a persistente pobreza e desigualdade no país, 27 anos após o fim do apartheid.
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Presidente Ramaphosa compara instabilidade do país com o cenário pós-apartheid há 27 anos
“Os acontecimentos são muito tristes”, declarou Zikala. Segundo ele, apenas em sua província, 26 pessoas morreram. “Muitas delas morreram por terem sido pisoteadas durante um tumulto enquanto as pessoas estavam saqueando lojas”, disse.
O presidente Ramaphosa anunciou na noite desta segunda-feira (12/07) que estava enviando tropas para ajudar a polícia a conter os distúrbios e “restaurar a ordem”. No Twitter, ele disse que “este momento trouxe à tona o que já sabíamos: que o nível de desemprego, pobreza e desigualdade em nossa sociedade é insustentável”.
Em Gauteng, ao menos 10 pessoas foram encontradas mortas depois de uma onda de saques em um shopping center de Soweto, segundo o primeiro-ministro David Makhura.
De acordo com informações da emissora Al Jazeera, autoridades de segurança disseram que o governo está trabalhando para garantir que a violência e os saques não se espalhem, mas não chegaram a declarar o estado de emergência.
“Nenhuma quantidade de infelicidade ou circunstâncias pessoais de nosso povo dá o direito a alguém de saquear, vandalizar e fazer o que quiser e infringir a lei”, disse o ministro da Polícia, Bheki Cele, em entrevista coletiva.